Fotos: Ronaldo Modesto e Waldyr Silva
José Cleudo da Silva, o "Caqui"
Acompanhados de representantes do Ministério Público, com apoio das polícias Civil e Militar, fiscais das secretarias municipais de Saúde e de Produção Rural, e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) apreenderam 1.700 quilos de carne imprópria para consumo humano, interditaram dois matadouros localizados na zona rural e um açougue no Bairro da Paz, em Parauapebas.
A operação começou no início da noite da última quarta-feira e encerrou no final da manhã do dia seguinte, quinta-feira (14), com a colocação da carne apreendida no matadouro e em dois açougues numa imensa vala no lixão municipal e a cobertura do produto com aterro, para evitar a manifestação de urubus no local.
A ação dos fiscais da Adepará e da Vigilância Sanitária do município atende a denúncia feita pelo Ministério Público, no sentido de fiscalizar a origem da carne abatida em Parauapebas e colocada no mercado local para consumo. Segundo a denúncia, cerca de 60% da carne comercializada no município é de origem de matadouros clandestinos.
No primeiro matadouro visitado pelos fiscais e demais autoridades, na zona rural, a 17 quilômetros do centro de Parauapebas, região da antiga fazenda Carajás, foram presenciadas várias irregularidades com relação à higiene e falta de documentação de origem das reses para o abate, além de licença de funcionamento do matadouro.
Após a comprovação das irregularidades, os fiscais apreenderam a carne que acabara de ser abatida, interditaram o estabelecimento e encaminharam o proprietário do matadouro, José Cleudo da Silva, conhecido por “Caqui” (Rua Castro Alves nº 215, Bairro da Paz, Parauapebas), à Polícia Civil, onde permaneceu preso até o dia seguinte, quinta-feira (14), quando foi beneficiado com alvará de soltura expedido pelo juiz Líbio Araújo Moura, titular da 3ª Vara Criminal.
No segundo matadouro visitado pelos fiscais na noite de quarta-feira (13), localizado na estrada de acesso à ferrovia, a 8 quilômetros do centro de Parauapebas, de propriedade de Evanilúcia Cavalcante Valeiro, o estabelecimento não foi flagrado no momento fazendo abate de reses.
Mesmo assim, foram localizados animais bovinos nos currais do matadouro prontos para ser abatidos, além de facas e afiadores que são utilizados na matança e limpeza dos corpos das rezes. Por não apresentar fortes flagrantes, o estabelecimento não foi interditado.
Por volta das 6 horas da manhã de quinta-feira (14), os fiscais, sempre apoiados pela Polícia Militar, inspecionaram os açougues Casa de Carne Padre Cícero (Rua 24 de Março, esquina com Rua Santa Maria) e Casa de Carne Santa Rita (Rua Marabá nº 199), ambos no Bairro da Paz.
No primeiro açougue, carnes frescas e secas eram expostas ao ar livre, penduradas em ganchos de ferro, sem nenhuma proteção, vulneráveis a todo tipo de intempéries, principalmente a moscas e outros tipos de insetos e bactérias. Os produtos foram apreendidos e o estabelecimento foi fechado.
No outro açougue, de propriedade do mesmo dono do matadouro clandestino que fora interditado na noite anterior, os fiscais detectaram grande parte da carne estragada, a maioria apresentando larvas (bicho) e em estado de putrefação, imprópria para o consumo humano. Toda a carne irregular foi apreendida.
O fiscal Élvio Luciano Correia Leitão, da Adepará, explica que os estabelecimentos (abatedouros e açougues) visitados na operação estavam completamente irregulares, tanto do ponto de vista legal de licença de funcionamento como na qualidade e exposição dos produtos à venda ao consumidor.
Segundo avaliação de Jeferson Pinto de Oliveira, gerente de inspeção animal da Adepará, cerca de 60% da carne consumida no município é abatida em matadouros clandestinos, portanto, sem nenhuma fiscalização. “Esta situação coloca em risco a saúde da população que consome essa carne com origem duvidosa”, alertou.
Jeferson Oliveira sugere aos consumidores que na hora de comprar carne nos açougues de Parauapebas exijam nota fiscal do estabelecimento para saber a origem do animal e se ele foi abatido em matadouro licenciado.
O diretor do Setor de Vigilância Sanitária, Marcelo Monteiro, não quis falar sobre percentual da carne consumida em Parauapebas oriunda de abatedouros clandestinos, mas garante que grande parte do produto consumido no município é de procedência duvidosa.
Ouvida pela reportagem, a promotora pública Lígia Valente do Couto de Andrade, que esteve pessoalmente acompanhando a operação nos matadouros, informou que o Ministério Público vai intensificar este tipo de fiscalização, a fim de fazer cumprir a lei e garantir um produto de boa qualidade na mesa do consumidor.
Os acusados José Cleudo da Silva e Evanilúcia Cavalcante Valeiro não quiseram falar à imprensa. (Ronaldo Modesto/Waldyr Silva/CT)
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