quarta-feira, 6 de julho de 2011

Aconteceu comigo

Francesco Costa - Escrevi uma matéria linda e elogiosa sobre a inauguração de uma agência do Banco do Brasil na Rua JK, Bairro Rio Verde. Após terminar o texto, rumei para fotografar a agência com cuja foto pretendia ilustrar a matéria.

Estacionei próximo ao local e após me posicionar em um ângulo perfeito de onde enquadrava todo o prédio tinha como desafio driblar o intenso trânsito e conseguir uma foto como meu texto merecia.

Entre uma foto e outra, fui questionado por um homem de estatura média que me perguntou por que eu fotografava o prédio. Sem parar com meu afazer, respondi a ele que escrevo para alguns jornais e aquelas fotos eram para ilustrar uma matéria sobre a inauguração da agência em questão.

Ele pediu para que me identificasse, pois do contrário chamaria a polícia. Diante de tão absurda interpelação, continuei meu trabalho e até achei engraçado, pois entendi que tamanha baboseira não poderia vir de alguém instruído ou detentor de alguma autoridade.

O indivíduo insistiu que me identificasse e sugeriu que iria chamar... (sabe quem? Pasme!)... a Polícia Federal!!! Sério. Isto, apesar de parecer, não é uma piada.

O Cascata, aquele que trabalha com compra e venda de carros usados, e é amigo do vereador Antonio Massud, presenciou todo o entrevero.

Continuei não acreditando e achei que fosse até algum amigo brincalhão do Cascata ou alguém que me conhecia, dado a exposição que sofro por força da profissão, ou um maluco qualquer querendo se entrosar.

Como as fotos que eu precisava já bastavam, puxei conversa com o Cascata, que estacionara a moto para pôr a prosa em dia, e ignorei a presença do elemento. Mas, me sentindo incomodado com sua permanência ali ao nosso lado, tentei ser educado.

Brincadeira à parte, o senhor é quem mesmo?, perguntei ao cidadão. Ele insistiu em que me identificasse. E disse não estar brincando e com o celular na mão afirmou que estava ligando para a polícia. Como eu sabia não estar fazendo nada errado, não me preocupei, mas, por precisar voltar para a redação, me despedi do Cascata e caminhei em direção ao local que havia estacionado a moto, quando ouvi dele: “Você não vai se identificar, vou fazer um retrato falado seu para a polícia ti encontrar”.

Aí foi a gota. Girei em sua direção, retirei o capacete e, para poupar seu trabalho em descrever minha cara para um desenhista, disse que ele poderia me fotografar, mas o esclareci que era muito fácil ele encontrar fotos minhas em revista e jornal. Ele não hesitou e me fotografou com o mesmo celular que ele dizia ligar para a polícia.

Até então, você para mim é um mero transeunte que não me mostrou distintivo de polícia nem crachá de qualquer outra coisa, disse ao homem, enquanto ele me fotografava.

Realizado o sonho do indivíduo, deixei o local, enquanto ouvia o Cascata explicando a ele quem eu era na imprensa. Deixei o local impressionado com a ação da tal pessoa, mas nos meus 21 anos a serviço do jornalismo, período em que tanta coisa testemunhei, tratei de procurar ocupação para meus pensamentos.

Minutos depois, liguei para o presidente de nossa entidade, a Aicop, e ao descrever o indivíduo ouvi que ele era o gerente da tal agência. Aí foi que danou-se mesmo. Fiquei ainda mais impressionado com a ação.

E fico agora imaginando como será o comportamento desse gerente que vai se deparar com a constante presença de repórteres fotografando a agência e registrando as inevitáveis reclamações de clientes.

Ah, uma sugestão ao gerente: escreva em letras grandes na fachada do prédio que é proibido fotografar. Só não esqueça de citar a lei que legisla sobre tal proibição, viu.

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