Fábio Henrique Pavão
Luciene Moitinho
Luciana Alves da Silva
Divino Leal de Souza
O município de Parauapebas figura na lista do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) com uma escola que apresentou o pior desempenho em todo o país em 2010. Trata-se da EEEM Carlos Henrique, localizada no Bairro da Paz, que obteve nota geral de 452,25, bastante inferior à média nacional de 511,21. Entre as escolas que não conseguiram atingir a nota média, 183 são do Pará. As notas do Enem 2010 foram divulgadas semana passada pelo Ministério da Educação.
O Estado do Pará teve somente duas escolas classificadas entre as duzentas que obtiveram melhor desempenho em todo o país no Enem: o Centro de Estudos John Knox, da rede privada, e a escola Tenente Rego Barros, da rede pública, que ficaram na 180ª e 189ª colocações, respectivamente, ambas em Belém.Em todo o estado, as escolas públicas que se destacaram são colégios de aplicação de universidades, colégios militares, escolas federais e escolas técnicas. Aumentando o universo para as mil escolas com mais de 75% de participação que obtiveram melhor desempenho no exame, o Enem 2010 revela 926 estabelecimentos privados e apenas 74 públicos.
FALTA DE PROFESSORES
Procurado pela reportagem, o diretor da escola Carlos Henrique, professor Fábio Henrique Pavão, atribui o baixo rendimento de seus alunos no Enem à constante falta de professores e até de coordenador pedagógico. Segundo o diretor, o estabelecimento de ensino conta hoje com 12 turmas de ensino médio que funcionam no horário noturno, sendo quatro turmas para cada série (1ª, 2ª e 3ª), num total de 527 alunos.
Fábio Henrique enumera que a escola Carlos Henrique não dispõe de professores nas disciplinas de sociologia (80 horas = 8 turmas), de filosofia (120 horas = 12 turmas) e matemática (20 horas = duas turmas); coordenador pedagógico para dar suporte aos professores; e servidor de serviços gerais para cuidar da limpeza das instalações da escola. Até agosto último, o estabelecimento não contava com professor de física.
Além dessas deficiências consideradas por ele como estruturais, o diretor atribui o baixo rendimento dos alunos à falta de preparação de base no ensino fundamental, situação bastante reclamada pelos professores da escola avaliada.
Questionado por que somente 34% dos alunos da referida escola se inscreveram ao exame no ano passado, o diretor explica que em 2010 o estabelecimento de ensino dispunha de sistema de acesso à internet bastante precário e apenas um computador. “Para este ano, nossa expectativa é que o número de estudantes inscritos no Enem dobre ou até triplique, pois estamos melhores estruturados”, almeja Fábio Henrique, sem, no entanto, garantir que a escola melhore o desempenho avaliado pelo governo federal.
Em decorrência da divulgação do resultado do Enem pelo Ministério da Educação, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), de acordo com o diretor, prometeu remanejar ainda esta semana um coordenador pedagógico para a escola Carlos Henrique, ficando ainda as pendências para contratação dos professores de matemática, filosofia e sociologia.
O estudante Divino Leal de Souza ratifica que o baixo índice de desempenho da escola é motivado pela falta de professores nas disciplinas que ele considera muito importantes. Luciana Alves da Silva revela que veio do Maranhão ano passado para Parauapebas na expectativa de concluir o ensino médio mais forte que na cidade onde ela morava (Bacabal), “mas me decepcionei, porque pelo menos lá não faltava professor nas salas de aula”.
SEM ESTRUTURA
Na avaliação da coordenadora da subsede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) em Parauapebas, Luciene Moitinho, o resultado do Enem revela o “descaso do Governo do Estado em políticas públicas voltadas à educação”, deixando a maioria das escolas sem estrutura para os professores repassarem os ensinamentos para os estudantes.
Segundo a coordenadora, o Governo do Estado disponibiliza hoje no município algo em torno de 270 professores para atender cerca de doze mil estudantes do ensino médio, espalhados em oito escolas e seis anexos.
Indagada sobre as constantes reclamações de alunos com relação à falta de professores na sala de aula em Parauapebas, Luciene Moitinho respondeu que isso ocorre porque o quadro de professores ainda é muito pequeno para atender à demanda, principalmente nas áreas de ciências naturais.
A sindicalista credita também esta deficiência de falta de professor ao Governo do Estado, que, segundo ela, ainda não convocou os concorrentes aprovados em recente concurso público estadual. “Para resolver esta pendência, o departamento jurídico do Sintepp está ajuizando na Justiça uma ação para forçar o governo a fazer a contratação dos servidores aprovados no concurso público”, revela Luciene Moitinho.
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