quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Famílias de sem-teto do ‘Nova Vida II’ apelam para vereadores

Fotos: Rui Guilherme


Cerca de 800 famílias de sem-teto que ocupam a área denominada “Nova Vida II”, localizada por trás do complexo esportivo Rio Verde, nas proximidades da Estação de Tratamento de Água, em Parauapebas, estão ameaçadas pela prefeitura de serem despejadas da invasão.

No início da semana, dezenas de moradores da área receberam a visita dos vereadores Antonio Massud, Francisângela Resende, Faisal Salmen e José Adelson, que saíram em defesa daquela comunidade, na promessa de envidar esforços junto à prefeitura para solucionar o impasse e remanejar as famílias ameaçadas para local que não seja área de risco.

Em declarações prestadas à reportagem, a vereadora Francisângela Resende explicou que a prefeitura fez o cadastramento de milhares de famílias que se estabeleceram em áreas de risco para que elas sejam beneficiadas com moradia digna, “mas não temos conhecimento dos critérios estabelecidos para seleção dessas famílias”.

Para esclarecer essa dúvida, a vereadora disse que ainda esta semana estaria na Secretaria Municipal de Habitação para tomar conhecimento do processo de cadastramento e seleção das famílias que moram em invasão.

“Vamos pressionar o governo municipal para que vocês (as famílias) sejam remanejadas para local seguro o mais rápido possível, pois a ideia de tirá-los daqui de cima e colocá-los lá em baixo, onde funcionava um lixão, é empurrar o problema para frente”, protestou.

Por seu turno, Antonio Massud declarou que tomara conhecimento de que a direção do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas (Saaep) estaria exigindo que os moradores deixassem imediatamente a área ocupada.

Segundo o vereador, a sugestão da prefeitura é que os ocupantes deixem a parte de cima da área e vão para a parte de baixo, onde funcionava o lixão. Esta situação, na visão de Massud, viabiliza mais prejuízo para as famílias, que teriam de desmanchar e fazer novamente os barracos, além de o novo local ser prejudicial à saúde.

“Não viemos aqui prometer casas para vocês, mas para viabilizar meios, por intermédio da prefeitura, para que essas famílias tenham moradias dignas para viver”, justificou Antonio Massud.

O vereador José Adelson garantiu às famílias que o gestor do Saaep não tem poder para retirar os ocupantes e remanejá-los para outra área. “Além do mais, qual a vantagem de sair daqui de cima e ficar lá em baixo? Nenhuma, pois, se for assim, a situação faz é piorar. O que o governo tem que fazer é achar uma solução definitiva. Por isso, estamos aqui para juntos buscarmos uma saída para o caso”.

Dizendo conhecer a maioria das famílias que estavam na reunião, o vereador Faisal Salmen desafiou que se alguém dali provar que o prefeito cumpre algum acordo firmado com a comunidade “eu renuncio ao meu mandato de vereador, pois ele não cumpre nada, só promete”.

Faisal informou que “os representantes do Ministério Público só vêm aqui porque são provocados pelo prefeito, pois o promotor nem sabe quem são vocês e nem como vocês vivem nesta invasão. Mas estamos aqui para não deixar ninguém tirar vocês para outro lugar pior do que este”.

O vereador assegurou aos presentes que o município de Parauapebas tem recursos suficientes para proporcionar moradias dignas para todas as famílias que não têm teto para morar. Faisal prometeu transporte para a comunidade participar no próximo dia 22, às 16 horas, na Câmara Municipal, de uma audiência pública para tratar sobre habitação popular.

O presidente da Associação dos Moradores da Ocupação Nova Vida II, Francisco da Silva, conhecido por “Doutor”, confirmou que as 800 famílias que moram há oito meses na ocupação estão ameaçadas pela prefeitura, Saaep e Ministério Público.

“A recomendação dos quatro vereadores é que as famílias resistam às ameaças e não abandonem a área, até que a prefeitura nos ofereça outra área”, adiantou o líder comunitário, ao acrescentar que o secretário municipal de Habitação, Antonio Neto, está prometendo uma área localizada por trás do acampamento da empresa Odebrecht, do lado das Casas Populares II, para recolocar as famílias ameaçadas.

“Se esse acordo não for cumprido, dentro de 90 dias, a situação vai ficar difícil para o governo municipal, porque o pessoal não vai deixar o local”, avisa o presidente associação.

Um comentário:

Comunicar é Preciso disse...

Hei, exisite um acordo entre prefeitura e assossiação dos moradores daquela ocupação, e deste está firmado que, desde que nao entre na área proxima a ETA, poderão ficar lá aguardando uma área definitiva.