* Raimundo Moura – São muitos os rumores sobre a divisão do Estado do Pará. Para esclarecer esses rumores, resgato algumas fontes históricas que nos levam a votar contra a divisão do estado neste atual contexto sociopolítico, cultural e econômico que a nossa região vive.
Historicamente, o discurso do progresso esteve associado a divisões territoriais como meio para super-enriquecer aventureiros que vieram para nossa região à procura de luxo e riqueza, apropriando-se e degradando nossos recursos naturais através dos ciclos econômicos do caucho, da castanha-do-pará, da madeira, dos minérios e da agropecuária.
Em nossa região, como em todo o Brasil, os primeiros a sentir o impacto dessa superexploração ambiental e social foram os povos indígenas. Os povos Suruí, Gavião, Parakanã e Xicrin do Cateté sobreviveram e conseguiram manter suas culturas, apesar de terem sido praticamente exterminados em nome do progresso. Esses sobreviventes são hoje testemunhas vivas de uma história de sofrimentos, mortes e muita resistência, como lembra Mattos, 1996.
Esses povos eram exterminados quando se encontravam nas áreas de interesse do aventureiro branco (seringais, castanhais, áreas de pastagens naturais, áreas ricas em minérios). Essa história de exploração foi iniciada na região de Marabá, ainda no século XVI, onde muitos indígenas e moradores das margens do rio Tocantins foram escravizados por grupos de aventureiros que subiam o rio em barco a remo para “desbravar a região e torná-la independente e liberta da ignorância”, formando seus impérios à custa do suor e sangue derramado dos trabalhadores.
Vejamos como os discursos de hoje são parecidos com os do século XVI. As mesmas elites que se apropriaram e depredaram os recursos naturais e culturais da região, como se não bastasse acumular riqueza e poder, querem agora dividir o estado para colocá-lo totalmente a serviço de seus próprios interesses que agora é o agronegócio.
Como filho desta região, filho de um humilde castanheiro que foi também mariscador e lavrador, vivendo hoje à custa de um auxilio-velhice oferecido pelo governo, e de uma grande mulher que foi de lavadeira a prostituta para poder sustentar os filhos, não posso concordar que mais uma vez os aventureiros enrolem novamente o povo, prometendo dias melhores com a possibilidade de um novo estado, onde na verdade o que querem é poder absoluto para crescer mais e mais os seus patrimônios e manter suas luxúrias.
O que querem com a divisão do estado é ter o livre arbítrio para continuar matando trabalhadores que defendem a libertação da terra e a vida nas florestas, a exemplo do que aconteceu com o casal de ambientalistas em Nova Ipixuna e tantos outros assassinados nesta região. Ou será que quando criado o novo estado serão os filhos dos trabalhadores que serão os desembargadores de justiça, juízes, governador, senadores e deputados?
É hora de nos situarmos a que classe pertencemos. Não vamos sofrer mais um golpe das elites formadas pelos latifundiários e empresários que superenriqueceram à custa do empobrecimento dos velhos homens e mulheres que trabalharam a vida toda e hoje padecem nas periferias das cidades das regiões sul e sudeste do Pará, por causa da corrupção política e da exploração insustentável promovida pelos grandes grupos econômicos.
* Pedagogo e pós-graduando em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional pelo NEAm/UFPA
Historicamente, o discurso do progresso esteve associado a divisões territoriais como meio para super-enriquecer aventureiros que vieram para nossa região à procura de luxo e riqueza, apropriando-se e degradando nossos recursos naturais através dos ciclos econômicos do caucho, da castanha-do-pará, da madeira, dos minérios e da agropecuária.
Em nossa região, como em todo o Brasil, os primeiros a sentir o impacto dessa superexploração ambiental e social foram os povos indígenas. Os povos Suruí, Gavião, Parakanã e Xicrin do Cateté sobreviveram e conseguiram manter suas culturas, apesar de terem sido praticamente exterminados em nome do progresso. Esses sobreviventes são hoje testemunhas vivas de uma história de sofrimentos, mortes e muita resistência, como lembra Mattos, 1996.
Esses povos eram exterminados quando se encontravam nas áreas de interesse do aventureiro branco (seringais, castanhais, áreas de pastagens naturais, áreas ricas em minérios). Essa história de exploração foi iniciada na região de Marabá, ainda no século XVI, onde muitos indígenas e moradores das margens do rio Tocantins foram escravizados por grupos de aventureiros que subiam o rio em barco a remo para “desbravar a região e torná-la independente e liberta da ignorância”, formando seus impérios à custa do suor e sangue derramado dos trabalhadores.
Vejamos como os discursos de hoje são parecidos com os do século XVI. As mesmas elites que se apropriaram e depredaram os recursos naturais e culturais da região, como se não bastasse acumular riqueza e poder, querem agora dividir o estado para colocá-lo totalmente a serviço de seus próprios interesses que agora é o agronegócio.
Como filho desta região, filho de um humilde castanheiro que foi também mariscador e lavrador, vivendo hoje à custa de um auxilio-velhice oferecido pelo governo, e de uma grande mulher que foi de lavadeira a prostituta para poder sustentar os filhos, não posso concordar que mais uma vez os aventureiros enrolem novamente o povo, prometendo dias melhores com a possibilidade de um novo estado, onde na verdade o que querem é poder absoluto para crescer mais e mais os seus patrimônios e manter suas luxúrias.
O que querem com a divisão do estado é ter o livre arbítrio para continuar matando trabalhadores que defendem a libertação da terra e a vida nas florestas, a exemplo do que aconteceu com o casal de ambientalistas em Nova Ipixuna e tantos outros assassinados nesta região. Ou será que quando criado o novo estado serão os filhos dos trabalhadores que serão os desembargadores de justiça, juízes, governador, senadores e deputados?
É hora de nos situarmos a que classe pertencemos. Não vamos sofrer mais um golpe das elites formadas pelos latifundiários e empresários que superenriqueceram à custa do empobrecimento dos velhos homens e mulheres que trabalharam a vida toda e hoje padecem nas periferias das cidades das regiões sul e sudeste do Pará, por causa da corrupção política e da exploração insustentável promovida pelos grandes grupos econômicos.
* Pedagogo e pós-graduando em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional pelo NEAm/UFPA
Um comentário:
Parabenizo um blog do sul do pará por deixar a postagem, pois sabemos que é assim que se democratiza este debate, parabéns Waldir
Postar um comentário