quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Famílias vítimas de enchente continuam abrigadas em barracão

Fotos: Waldyr Silva



Miriam da Conceição

Márcia Mendes
Quarenta e seis famílias, num total de 201 pessoas, continuam abrigadas em barracão cedido pela Prefeitura de Parauapebas, na promessa de serem atendidas com lotes e casas populares pelo poder público.

O número de famílias atingidas pela enchente e alojadas desde fevereiro deste ano no barracão da Usimig ultrapassou a casa dos 100, mas hoje conta com menos de 50, à espera de morada digna prometida pela prefeitura.

Na manhã desta quarta-feira (16), a reportagem visitou as famílias que ainda resistem em permanecer acampadas num enorme barracão coberto de telhas de aço, às margens da estrada Faruk Salmen, nas proximidades do Parque de Exposições Agropecuárias de Parauapebas, e ouviu algumas pessoas flageladas.

A dona de casa Maria Raimunda Mendonça declarou à reportagem que se encontra alojada no barracão desde o mês de fevereiro deste ano, portanto, há nove meses, quando a casa em que ela morava, no Bairro Riacho Doce, foi atingida pela água da enchente.

Como o local em que Maria Raimunda morava, a exemplo de outras famílias que até hoje se encontram no abrigo, era considerado área de risco para moradia, a prefeitura proibiu que as famílias retornassem para o Riacho Doce, na promessa de entregar a essas pessoas lotes para construção de casa própria.

De acordo com Maria Raimunda, a situação no abrigo é muito precária, “porque aqui não temos assistência de saúde, não temos remédio, não temos transporte e nem água tratada. Além do mais, quando chove é um deus-nos-acuda pra todos nós, pois o barracão enche todo de água, isso sem falar no calor insuportável que a gente enfrenta aqui”, lamenta a dona de casa, temendo passar mais um período de inverno no abrigo.

A abrigada Raimunda Alice de Freitas também falou à reportagem, ratificando que a situação do abrigo é muito precária. Ela denuncia que dia desses uma moradora do barracão teve dores de parto e foi levada para o hospital numa moto, porque não tinha como chamar uma ambulância da prefeitura. “Só estamos neste sofrimento porque o prefeito prometeu nos dar um lote”, frisa.

Dona Miriam Souza da Conceição aumenta o coro das reclamações, adicionando que só que quem vive naquele galpão durante nove meses sabe na pele o quanto é sofrível a vida daquelas famílias. “Estamos aqui esperando receber nossos lotes ou casas populares, mas até agora só promessa”, desabafou a dona de casa, revelando que a única ajuda que vem recebendo da prefeitura é uma cesta básica duas vezes por mês.

Jonas Conrado, um dos líderes das famílias acampadas, não quis entrar no mérito das reclamações feitas pelas donas de casa, limitando-se a dizer que uma comissão de flagelados vem negociando com a Secretaria Municipal de Habitação para entrega de lotes às famílias que continuam acampadas no galpão da Usimig.

Na Coordenação de Defesa Civil do Município, a agente Márcia Mendes Leandro confirma que as 46 famílias alojadas no barracão recebem cestas básicas duas vezes por mês, água tratada em caminhão-pipa e outros tipos de assistência, mas discorda da denúncia de que as famílias não estejam recebendo assistência social, médica e psicológica.

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