* Bira Ramos
Nasci em 14 de agosto de 1970, na rua Magalhães Barata, Marabá Pioneira. De lá, mudei com minha família para a rua Pedro Marinho, em 1973; dois anos mais tarde, mudamos para a esquina da Sol Poente e Nagib Mutran (antiga Mário Andreazza), de onde, no final dos anos 80, mudamos para Imperatriz (MA), tendo retornado à minha terra natal no fim do ano seguinte, devido à enorme saudade que minha heroína mãe, Lindalva Ramos da Silva, nutria por esta cidade.
Da querida “Imperosa” viemos direto para a avenida Tocantins, onde moramos até os dias atuais. Confesso que sou apaixonado por esta cidade, este estado, mas, como todo ser humano que sonha, tenho vontade de mudar de naturalidade, passando de cidadão paraense a carajaense.
Em 1986, quando ainda tinha 15 anos, formei um time denominado Novo Horizontino, em referência ao bairro Novo Horizonte, onde moro. De lá para cá, já colocamos quatro jogadores nas categorias de base da Seleção Brasileira: Dias, Neto, Mogi e Carlos Thiago.
Ajudamos na formação de mais de 50 jogadores profissionais, treinamos acima de 10 mil crianças, contribuímos para a colação de grau de mais de mil ex-alunos do nosso time, que hoje são chamados de “doutores”.
Em síntese, já ajudamos e continuamos a ajudar o desenvolvimento do Estado do Pará, sem nunca ter merecido pelo menos um “muito obrigado” do poder estadual, talvez por não fazermos parte da classe política.
A convite dos professores Melquíades Justiniano da Silva, Wilson Paixão e Socorro Matne, comandamos por três anos a Seleção Estudantil de Marabá e fomos a Belém conquistar o tricampeonato estudantil, com mais de 100 escolas de mais de 70 cidades. Porém, o momento mais marcantes dessas conquistas aconteceu logo no primeiro ano (1991), quando chegamos em Belém sendo chamados de “Marabala”, e, depois de 15 dias de disputa, 53 gols a favor nenhum contra, sete vitórias em sete jogos, fomos chamados de “Marabola”, num momento em que Marabá e nossa região eram muito discriminadas em Belém.
Hoje, apesar dessa discriminação ter diminuído em alguns setores sociais, ainda estão querendo nos colocar na situação de desenvolvedores de um estado que pouco olha para nós (se é que olha), isso sim é “trabalho escravo”.
Por fim, quero dizer que nasci paraense, mas quero morrer “cajaense”. (Fonte: Jornal Opinião)
* Radialista e redator da página de esportes do Jornal Opinião, em Marabá
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