Índios da tribo guajajaras ameaçam incendiar as duas torres da Eletronorte que passam por dentro da reserva Cana Brava, no interior do Maranhão, mas o gerente regional da Eletronorte, Mauro Aquino, acredita que o perigo maior para as torres já passou, pois, segundo ele, elas não são mais o foco principal da manifestação dos indígenas.
As duas torres fazem a transmissão de energia da hidrelétrica de Tucuruí para a capital do Maranhão, São Luís. Por precaução, a Eletronorte desativou uma delas, justamente a que teve um dos cabos de sustentação cortados pelos índios. Mas, segundo o cacique da aldeia Cana Brava, Zé Murry, os índios já soltaram os parafusos da base da outra, e por isso a qualquer momento ela pode cair.
Os índios voltaram a interditar totalmente a BR-226 desde a última terça-feira (5), em protesto à extinção dos núcleos da Funai nos municípios de Barra do Corda e Grajaú, região centro-sul do Maranhão.
Sobrecarga
A Eletronorte mantém desde terça-feira um indigenista no local do conflito, responsável por negociar com os guajajaras. Na hipótese de os guajajaras cumprirem a promessa, a transmissão de corrente elétrica se concentraria toda na única via que passa por fora da reserva, e que também distribui a energia para o resto do país. Isso sobrecarregaria a torre restante.
A solução, segundo Mauro Aquino, seria diminuir a energia disponível para as grandes empresas que operam na região, como Alumar e Companhia Vale do Rio Doce, até que se construísse uma nova torre.
“Podemos instalar uma torre auxiliar em três dias, mas para reconstruir seria preciso pelo menos um mês”, explicou o gerente da Eletronorte.
Bloqueio
Só ambulâncias podem passar pela rodovia bloqueada. Segundo Zé Murry, a fila de carros tem diminuído. “Acho que como as pessoas sabem que aqui está bloqueado, estão procurando outros caminhos”, justificou o cacique, reforçando a promessa de ocupação.
“Só sairemos daqui quando a Funai mandar alguém para conversar com a gente”, concluiu Zé Murry.
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