Por quatro votos a um, o Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) do Pará cassou nesta terça-feira (28) o mandato do deputado
federal Cláudio Puty (PT). O deputado foi acusado pelo Ministério Público
Eleitoral de conduta vedada, compra de votos e abuso de poder nas eleições de
2010. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As três ações do MP Eleitoral pedindo a
cassação de Puty se basearam em investigações da Polícia Federal sobre um
esquema de corrupção que se instalou na Secretaria de Meio Ambiente do Pará,
desarticulado durante a operação Alvorecer, em dezembro de 2010.
Segundo o MPE, várias provas, entre
documentos e escutas telefônicas, demonstraram o envolvimento do então
candidato no esquema. Planos de manejo madeireiro, aprovados irregularmente,
eram usados pelo parlamentar como moeda de troca para apoio político e votos.
Ainda segundo o Ministério Público, em
conversas telefônicas vários investigados deixam explícito que os planos de
manejo liberados irregularmente seriam usados como forma de obter votos. Outras
provas demonstraram que o então chefe da Casa Civil do Governo do Pará usava
sua influência política para interferir diretamente na liberação das
autorizações definitivas de exploração florestal. Existem ainda evidências na
investigação de que grupos de fazendeiros, principalmente das regiões sul e
sudeste do Pará, decidiram apoiar a candidatura do deputado em troca das
liberações de exploração florestal.
Nos mesmos processos pelos quais Puty
teve o mandato cassado, foram condenados José Cláudio Moreira Cunha, que era
secretário adjunto de Meio Ambiente, e Aníbal Picanço, secretário de Meio Ambiente.
Como não são detentores de mandatos eletivos, ambos foram multados.
Por envolvimento com o mesmo esquema,
também respondem a processos eleitorais no TRE do Pará os deputados estaduais
Bernadete ten Caten (PT) e Gabriel Guerreiro (PV). A investigação criminal
sobre o esquema resultou em uma ação penal com 11 réus. Apenas as provas
relativas ao deputado Cláudio Puty foram enviadas para a Procuradoria Geral da
República, em Brasília, porque ele tinha direito a foro privilegiado.
Deputado
irá recorrer
Em publicação no seu blog oficial,
Cláudio Puty declarou que discorda da decisão judicial, e que irá recorrer
junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o deputado, a decisão foi
contraditória. "A decisão foi baseada em um inquérito policial de 2010, no
qual não fui indiciado pela Polícia Federal e não respondo a qualquer ação
penal dele oriundo", explica.
O deputado alega ainda que nos autos do
processo julgado pelo TRE a contradição se ilustra pela declaração do delegado
da PF que presidiu o inquérito. “O advogado perguntou se em algum momento da
investigação existe alguma conversa/mensagem interceptada onde o investigado ou
alguém em seu nome solicita qualquer tipo de bem ou apoio político para
aprovação de planos de manejo perante a Sema. A testemunha respondeu que
não", alega.
Puty nega que tenha se beneficiado com
qualquer recurso decorrente de tráfico de influências junto à administração
pública.
Ainda na nota, o deputado diz que não
pretende se afastar do cargo. "Continuarei a exercer meu mandato
parlamentar até quando a Justiça permitir, na certeza de que minha inocência
será plenamente esclarecida quando do recurso perante o TSE", conclui. (Fonte:
G1 PA)
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