Em julho de 1984, milhares de
garimpeiros da Serra Pelada, no intuito de forçar a Vale a realizar obras que
lhes permitissem continuar garimpando, depredaram quase todas as instalações
públicas do núcleo urbano de Parauapebas, por imaginarem que a vila pertencia à
mineradora.
Dentre elas, destruíram inclusive a
estação de tratamento de água, o prédio da administração e outras edificações
públicas, só deixando ilesos, e a muito custo, o hospital e a escola. De acordo
com moradores da época, a vila ficou desolada.
Além da destruição deixada pela
revolta dos garimpeiros, Parauapebas não estava recebendo o percentual de 10%
dos impostos recolhidos pela Serra dos Carajás à Prefeitura de Marabá, que
teriam que retornar a localidade, em obras ou em recursos, mês a mês. Tudo isso
fez com que a população padecesse com carência de tudo.
Plebiscito
Depois de inúmeras e tensas reuniões e
após constatação de que se dependesse desses recursos a recuperação dos prédios
em Parauapebas jamais ocorreria, foi iniciada uma campanha para separar o
lugarejo do município de Marabá.
Iniciado em 1985, o movimento
separatista tomou corpo em 1986, quando foi firmado um acordo com o candidato a
deputado estadual Carlos Cavalcante, selando uma troca de favores: Parauapebas
votaria em massa no candidato e este, uma vez eleito, assumiria a causa da
emancipação de Parauapebas.
E assim aconteceu. Toda a documentação
necessária à instrução do processo foi providenciada e Chico Brito pessoalmente
entregou-a em mãos do deputado, em sua residência, em Conceição do Araguaia, às
vésperas de sua posse. O novo deputado deu entrada no Requerimento nº 008/87,
na primeira hora de seu mandato, cumprindo o combinado.
Seguiu-se o processo até o momento em
que a Câmara de Marabá teria que votar pelo seu prosseguimento ou pelo
arquivamento. Marabá comunicou que, definitivamente, não aceitaria a
emancipação, e votaria pelo arquivamento do processo, que tramitava na
Assembleia Legislativa do Pará, enterrando temporariamente os sonhos de
independência do futuro município.
Para evitar essa derrota, os integrantes
do movimento separatista criaram uma estratégia durante as prévias das eleições
de 88 em Marabá, montaram uma chapa com um candidato a prefeito residente em
Parauapebas e um vice de Curionópolis. Na época, Marabá apresentaria 6
candidatos à prefeitura e o colégio eleitoral da cidade, fora Parauapebas e
Curionópolis, era de 47 mil eleitores, praticamente a mesma quantidade que as
duas localidades alegavam ter.
Na pressão, a Câmara de Marabá convocou
imediatamente uma sessão extraordinária e aprovou o prosseguimento do processo
de emancipação por unanimidade. Mais tarde, foi observado que por ser uma área
de intensa migração, dos quase 47 mil eleitores de Parauapebas e Curionópolis,
que constavam nos arquivos do Cartório Eleitoral, nem a metade residia mais na
região.
Superados todos os percalços, a
Assembleia Legislativa marcou o dia 24 de abril daquele ano, 1988, para a
votação do plebiscito, quando a população diria se desejava se separar ou não
do município-mãe, com 99% de aprovação.
Eleições municipais
Em 10 de maio de 1988, o então
governador Hélio da Mota Gueiros, sancionou a lei estadual nº 5.443/88, que
criou o município de Parauapebas. Em outubro do mesmo ano, Faisal Salmen foi
eleito o primeiro prefeito do município (gestão 1989/1992), depois Francisco
Alves de Souza, “Chico das Cortinas” (1993/1996), em seguida, Bel Mesquita por
dois mandatos (1997/2004), Darci Lermen, também por dois mandatos (2005/2012)
e, por último, o atual prefeito Valmir Mariano, para um mandato que inicia
neste ano e vai até 2016.
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