quinta-feira, 9 de maio de 2013

Jubileu de Prata de Parauapebas: cerâmica arqueológica na história

Achados arqueológicos registram a presença de humanos há dezenas de anos na região de Carajás, especificamente nas áreas em que os índios Xikrins habitam as três aldeias localizadas na Floresta Nacional de Carajás (Flonaca), município de Parauapebas.

Essa riqueza cultural e histórica de Parauapebas é registrada e repassada à comunidade pelo grupo Mulheres de Barros, que produz peças artesanais. No caso específico da produção em cerâmica, o trabalho do grupo vem se focando na feitura de réplicas a partir de peças encontradas em sítios arqueológicos localizados no município de Parauapebas, principalmente na Floresta de Carajás.

A partir dos últimos anos da década de 80, com a emancipação político-administrativa do município, a implantação do Projeto Grande Carajás (PGC) e, consequentemente, a vinda de pessoas das mais variadas regiões do país, a cidade de Parauapebas foi se formando com um pluralismo de cultura trazido pelos migrantes.

Falando especificamente sobre a produção de peças artesanais, levando-se em consideração o legado indígena e os achados arqueológicos no município, a partir da metade dos anos 90 algumas pessoas começaram a produzir, por conta própria, artefatos com a utilização de argila, semente, casca de pau e minério de ferro.

A partir de agosto de 2005, após um evento sobre educação patrimonial na região, ocorrido na vizinha cidade de Canaã dos Carajás, um grupo de mulheres, sob a liderança de Sandra dos Santos Silva, começou a se organizar, com o objetivo de agregar mais pessoas, utilizar matéria-prima da região, buscar mercado para comercializar as peças artesanais manufaturadas no município e criar uma entidade que representasse e proporcionasse sustentação ao segmento produtivo.

De 2005 até dezembro de 2012, o grupo de artesãos produziu uma infinidade de peças dos mais variados tipos, com destaque para a cerâmica, utilizando abundante matéria-prima coletada no município e região.

“Nossa região é potencial na existência de matérias-primas, como argila, sementes, resíduos minerais, sobra de madeira industrializada em serrarias e outros tipos de material para ser utilizados na produção de artesanato”, observa Sandra Santos.

Com a união de forças, em dezembro do ano passado, o grupo criou a Cooperativa dos Artesãos da Região de Carajás, conhecida por Mulheres de Barro, e começou a se organizar, pesquisando a região naquilo que poderia se enquadrar no trabalho de produção artesanal, seminários a respeito do assunto e participando de eventos em outros estados do país.

Com a oficialização da Cooperativa dos Artesãos da Região de Carajás, a Prefeitura de Parauapebas, por intermédio da Secretaria de Cultura (Secult), vem apoiando a entidade, disponibilizando espaço físico para construção de forno, sala para funcionamento da instituição e recursos financeiros.

Indagada sobre a existência e localização de unidades arqueológicas encontradas em Carajás, Sandra Santos revela que, até estes 25 anos de criação do município de Parauapebas, milhares de peças se encontram guardadas na Casa de Cultura de Marabá e no Museu Emílio Goeldi, em Belém, “porque nosso município ainda não conta com espaço seguro para repatriar essas peças arqueológicas”, justifica a artesã.

Museu de Parauapebas
Com o objetivo principal de proteger a memória histórica do município, salvaguardar objetos, como livros, cartas, jornais, documentos e outros elementos que se refiram à história do povo, foi criado em dezembro de 2011, por meio da Lei Municipal nº 4.477, o Museu de Parauapebas, que recebe o nome de Hilmar Harry Kluck, primeiro diretor da Câmara Municipal de Parauapebas e um dos maiores indigenistas da região, de acordo com Rose Valente, diretora da instituição.

Apesar da grande importância, o Museu de Parauapebas ainda não conta com espaço físico. “Temos todo o projeto estrutural pronto, pretendemos fazer um concurso nacional para a criação do projeto arquitetônico e contamos com todo o apoio do prefeito Valmir Mariano, que se sensibilizou e se comprometeu em envidar esforços para viabilizar essa obra, que vai colaborar muito para a nossa cidade”, afirma Rose Valente.

A diretora do órgão informa também que a meta é inaugurar o museu em 2014. Até lá, além dos encaminhamentos relacionados à construção da obra e sua respectiva estruturação, serão realizadas pesquisas históricas, arqueológicas, antropológicas e minerais para levantamento de acervo.

Confira as fotos aqui.

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