Achados
arqueológicos registram a presença de humanos há dezenas de anos na região de
Carajás, especificamente nas áreas em que os índios Xikrins habitam as três
aldeias localizadas na Floresta Nacional de Carajás (Flonaca), município de
Parauapebas.
Essa
riqueza cultural e histórica de Parauapebas é registrada e repassada à
comunidade pelo grupo Mulheres de Barros, que produz peças artesanais. No caso
específico da produção em cerâmica, o trabalho do grupo vem se focando na
feitura de réplicas a partir de peças encontradas em sítios arqueológicos
localizados no município de Parauapebas, principalmente na Floresta de
Carajás.
A
partir dos últimos anos da década de 80, com a emancipação
político-administrativa do município, a implantação do Projeto Grande Carajás
(PGC) e, consequentemente, a vinda de pessoas das mais variadas regiões do
país, a cidade de Parauapebas foi se formando com um pluralismo de cultura
trazido pelos migrantes.
Falando
especificamente sobre a produção de peças artesanais, levando-se em
consideração o legado indígena e os achados arqueológicos no município, a
partir da metade dos anos 90 algumas pessoas começaram a produzir, por conta
própria, artefatos com a utilização de argila, semente, casca de pau e minério
de ferro.
A
partir de agosto de 2005, após um evento sobre educação patrimonial na região,
ocorrido na vizinha cidade de Canaã dos Carajás, um grupo de mulheres, sob a
liderança de Sandra dos Santos Silva, começou a se organizar, com o objetivo de
agregar mais pessoas, utilizar matéria-prima da região, buscar mercado para
comercializar as peças artesanais manufaturadas no município e criar uma
entidade que representasse e proporcionasse sustentação ao segmento produtivo.
De
2005 até dezembro de 2012, o grupo de artesãos produziu uma infinidade de peças
dos mais variados tipos, com destaque para a cerâmica, utilizando abundante
matéria-prima coletada no município e região.
“Nossa
região é potencial na existência de matérias-primas, como argila, sementes,
resíduos minerais, sobra de madeira industrializada em serrarias e outros tipos
de material para ser utilizados na produção de artesanato”, observa Sandra Santos.
Com
a união de forças, em dezembro do ano passado, o grupo criou a Cooperativa dos
Artesãos da Região de Carajás, conhecida por Mulheres de Barro, e começou a se
organizar, pesquisando a região naquilo que poderia se enquadrar no trabalho de
produção artesanal, seminários a respeito do assunto e participando de eventos
em outros estados do país.
Com
a oficialização da Cooperativa dos Artesãos da Região de Carajás, a Prefeitura
de Parauapebas, por intermédio da Secretaria de Cultura (Secult), vem apoiando a
entidade, disponibilizando espaço físico para construção de forno, sala para
funcionamento da instituição e recursos financeiros.
Indagada
sobre a existência e localização de unidades arqueológicas encontradas em
Carajás, Sandra Santos revela que, até estes 25 anos de criação do município de
Parauapebas, milhares de peças se encontram guardadas na Casa de Cultura de
Marabá e no Museu Emílio Goeldi, em Belém, “porque nosso município ainda não
conta com espaço seguro para repatriar essas peças arqueológicas”, justifica a
artesã.
Museu de
Parauapebas
Com
o objetivo principal de proteger a memória histórica do município, salvaguardar
objetos, como livros, cartas, jornais, documentos e outros elementos que se
refiram à história do povo, foi criado em dezembro de 2011, por meio da Lei
Municipal nº 4.477, o Museu de Parauapebas, que recebe o nome de Hilmar
Harry Kluck, primeiro diretor da Câmara Municipal de Parauapebas e um dos
maiores indigenistas da região, de acordo com Rose Valente, diretora da instituição.
Apesar
da grande importância, o Museu de Parauapebas ainda não conta com espaço
físico. “Temos todo o projeto estrutural pronto, pretendemos fazer um concurso
nacional para a criação do projeto arquitetônico e contamos com todo o apoio do
prefeito Valmir Mariano, que se sensibilizou e se comprometeu em envidar
esforços para viabilizar essa obra, que vai colaborar muito para a nossa
cidade”, afirma Rose Valente.
A
diretora do órgão informa também que a meta é inaugurar o museu em 2014. Até
lá, além dos encaminhamentos relacionados à construção da obra e sua respectiva
estruturação, serão realizadas pesquisas históricas, arqueológicas,
antropológicas e minerais para levantamento de acervo.
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