domingo, 28 de agosto de 2011

Dia dos Bancários e o Dieese

Há 60 anos, no dia 28 de agosto de 1951, a categoria bancária iniciava uma das mais longas e vitoriosas greves dos seus 84 anos de história: após 69 dias de paralisação, os banqueiros acabaram concedendo 31% de aumento.

Os trabalhadores de São Paulo foram os únicos em todo o Brasil a manterem suas reivindicações e não aceitaram a proposta de apenas 20% oferecida inicialmente pelos bancos. Decidiram parar e acabaram dando início ao movimento que marcaria o Dia do Bancário.

“Eu trabalhava no câmbio do Banco Mercantil e todos nós paramos. Foram 69 dias de greve sem receber, não foi fácil. Mas era bonito. Os grevistas andavam na rua com uma bandeira do Brasil arrecadando dinheiro para ser contabilizado pelo sindicato e distribuído por igual aos bancários casados”, lembrou na época o bancário aposentado Hélio Sávio Aquino.

O preço pago foi alto, com forte repressão do governo estadual, do Ministério do Trabalho e até da igreja. Com o fim vitorioso da greve, os banqueiros acabaram demitindo algumas lideranças e transferindo outras para cidades do interior do estado.

Apesar da dificuldade de rearticulação dos trabalhadores nos anos seguintes, a greve resultou não só num aumento salarial maior para São Paulo, mas também levou suas lideranças a outros municípios, propiciando a formação de vários sindicatos bancários pelo estado, além de questionar a lei de greve do então Governo Dutra.

Dieese
Os 20% oferecidos pelos bancos tinham como base os índices oficiais do custo de vida, cuja legitimidade foi duramente questionada pelos trabalhadores naquele ano. A greve acabou sendo o estopim da criação, em 1955, do Dieese, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, uma fonte própria e confiável para o cálculo da inflação. Os cálculos da inflação naquele ano, ao serem colocados em xeque, foram refeitos, pulando inexplicavelmente de 15,4% para 30,7%. (Danilo Pretti Di Giorgi)

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