O jornal francês Le Monde, um dos mais importantes do mundo, foi oficialmente posto à venda nesta quarta-feira (2), em Paris. O anúncio foi feito em editorial de capa pelo diretor-executivo da publicação, Eric Fottorino, e confirma a perspectiva aberta em janeiro de 2008, quando começou o agravamento da crise do maior diário da França.
Os futuros proprietários, que deverão injetar entre € 80 milhões e € 100 milhões em troca do controle acionário, terão de assinar um termo de compromisso para garantir a total independência editorial do periódico de centro-esquerda.
A troca de mãos do Le Monde é desde já o maior movimento em curso no mercado editorial da Europa, e está mobilizando investidores da própria França, mas também da Itália, da Espanha e da Suíça.
As ofertas deverão ser concretizadas até 14 de junho pelo conjunto do grupo Le Monde, integrado também pelo site lemonde.fr (portal informativo mais frequentado do país), pelo jornal Le Monde Diplomatique, pelas revistas Courrier International, Télérama e La Vie e pela gráfica da companhia, além de seus imóveis.
A perspectiva é de que, até 30 de junho, o selecionado para liderar o processo de recapitalização do grupo seja conhecido.
A venda, nas palavras do diretor Fottorino, marcará "uma virada histórica para o Le Monde", um jornal fundado pelo legendário jornalista Hubert Beuve-Méry, em 1944, e controlado por seus funcionários desde 1951.
"O Monde sofreu as consequências de tensões sobre sua tesouraria, que o conduziram no ano passado a contrair um empréstimo bancário de € 25 milhões, condicionado por nossos credores - o banco BNP em primeiro lugar - à implantação de uma recapitalização", informou o executivo.
Ainda de acordo com Fottorino, a empresa precisará reembolsar entre 2012 e 2014 um total de € 69 milhões em empréstimos contraídos dos grupos Publicis, La Stampa e BNP Paribas. Apesar do quadro adverso, a direção do grupo reafirmou seu otimismo sobre o futuro, em especial depois que o jornal conseguiu reverter, em 2009, os crônicos deficits, fechando o ano com um saldo de € 2 milhões, "sinal de um dinamismo editorial e de um retorno à melhor gestão", segundo o editor. (Andrei Netto, de O Estado de S.Paulo)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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