terça-feira, 19 de outubro de 2010

Advogado é acusado de conduzir 57 petecas de crack em Parauapebas

Fotos: Ronaldo Modesto
Advogado Rodrigo Ribeiro, acusado
Material apreendido pela PM
Major Juniso, comandante da PM
Ademir Fernandes, presidente da OAB
Uma guarnição da Polícia Militar apresentou na delegacia de Polícia Civil em Parauapebas, à meia-noite de sábado para domingo (17), o advogado Rodrigo Maia Ribeiro, 34 anos, solteiro, OAB/TO nº 2.437, natural de Pereira Barreto (SP), residente na Av. Amazonas nº 70, município de Curionópolis, acusado de transitar pela Rua São João Batista (próximo da Rua do Meio), Bairro da Paz, Parauapebas, conduzindo uma sacola contendo 57 petecas de crack, uma garrafa de vinho e R$ 585,00 em espécie.
Na manhã de domingo (17), na delegacia, a polícia não quis informar detalhes sobre a detenção do advogado, que prestava depoimento naquele momento ao escrivão. O causídico também se recusou a se defender das acusações junto à imprensa, ameaçando inclusive a reportagem, caso a situação dele fosse divulgada em veículo de comunicação.
Mesmo diante dessa dificuldade de coleta de informação, o jornal apurou que no momento em que foi abordado pelos policiais com a droga o advogado Rodrigo Ribeiro teria confessado que era usuário de crack, mas disse que a sacola com o entorpecente não lhe pertencia.
Apresentado à Polícia Civil, o advogado voltou a afirmar em depoimento que a droga encontrada pelos PMs não lhe pertencia. Admitiu que a sacola era dele, mas no seu interior havia apenas um litro de vinho de marca “Casal Garcia”. Explicou que no momento em que foi detido estava à procura de um saca-rolha para abrir o litro de vinho e consumi-lo em companhia de uma namorada que não o acompanhava por ocasião da abordagem policial.
No depoimento, Rodrigo Ribeiro teria dito que a sacola plástica com as petecas de crack estava em poder de um dos policiais e que ele já foi usuário de droga, mas que não é traficante e que a prova contra ele teria sido “plantada” pelos dois cabos e o soldado que integravam a guarnição da PM.
Segundo revelou o advogado na delegacia, desde 2006 ele vem denunciando supostos abusos e crimes que teriam sido cometidos pela PM do Estado. Por causa dessas denúncias formuladas na Corregedoria da Polícia Militar, o cel. Monteiro e o cap. Miranda teriam sido afastados de suas atividades. Desde as denúncias, o depoente disse que vem sofrendo perseguições pelos policiais militares lotados no 23º BPM Parauapebas, fato que teria registrado por meio de Boletim de Ocorrência Policial e através da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal.
VERSÃO DA POLÍCIA
Procurado pela reportagem, o major Juniso, comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar, reagiu contra as declarações do advogado, explicando que a droga foi mesmo encontrada em poder do acusado, numa área da cidade onde já foram fechados vários pontos de vendas de entorpecente.
Na avaliação do comandante, Rodrigo Ribeiro está se valendo desse artifício em acusar a polícia, “tentando se defender do ato criminoso que praticou”. Major Juniso acrescenta que o acusado já vinha sendo denunciado por meio do sistema Disque Denúncia, pela prática de tráfico de droga em Serra Pelada, desde julho deste ano, conforme cópia de boletim repassada para a reportagem.
No boletim, o denunciante relata que Rodrigo comercializava droga na vila de Serra Pelada, na Chácara dos Arantes, que o acusado viajava todas as quartas-feiras para comprar droga em Parauapebas, na Rua do Meio, justamente onde foi detido pelos PMs na madrugada do último domingo (17).
Sobre a eventual perseguição que viria sofrendo de policiais militares, major Juniso rechaça esta acusação, afirmando que o advogado tem que provar o que vem revelando, “porque isso nunca aconteceu”.
VERSÃO DA OAB
De acordo com o presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Parauapebas, Ademir Donizete Fernandes, ele foi informado oficialmente pelo delegado Nelson Alves Júnior sobre a prisão do advogado Rodrigo Ribeiro na manhã desta segunda-feira (18).
Ademir Fernandes explicou que visitou o colega preso numa cela especial do xadrez do Rio Verde, estaria comunicando o fato à seção da OAB em Belém e que o processo de investigação sobre acusações vai seguir normalmente na justiça comum.
“Embora ele tenha optado em peticionar em nome próprio como advogado, pedindo relaxamento da prisão dele, a OAB vai prestar apoio ao acusado”, promete o presidente da seccional, afirmando desconhecer alguma ação relacionada com a venda de droga feita pelo advogado Rodrigo Ribeiro. “Caso as acusações sejam confirmadas pela justiça, ele pode até perder a carteira de advogado”, explica Ademir Fernandes. (Jornal Correio do Tocantins)

Nenhum comentário: