terça-feira, 18 de setembro de 2007

Estado de Carajás em debate na Unama

Do blog Quinta Emenda
Nem o problema no link para o auditório das Faculdades Integradas do Tapajós, a FIT - o braço do grupo Unama em Santarém - que atrasou o incío do debate, arrefeceu o ânimo da platéia que lotou o auditório 4, com a presença de deputados estaduais, do vice prefeito de Marabá, ex dirigentes de órgãos, ligados ao PDT, muitos professores e alunos.
O debate foi mediado pelo coordenador do curso de Economia da Unama, Roberto Alcântara.
Segue um breve resumo das falas dos componentes da mesa, segundo a escuta deste poster.
Vereador Reginaldo Campos (PSB-Santarém)
Alternou momentos de lucidez, ao exigir o cumprimento da Constituição, exibindo-a, no que toca a realização do plebiscito, com instantes de ira evangélica contra o jornal O Liberal, contra a humilhação que a capital impõe aos interioranos, contra a CVRD, conclamando a população a um levante cabano. Quando percebia que o tom subia demais, afiançava que seríamos estados irmãos. Depois voltava a aumentar o volume, replicando o roteiro aquece-esfria de um pregador que é. E assim foi até o fim.
2. Economista José Lima, coordenador de curso da FIT, e doutorando em Economia dos Transportes na UFAM, em Manaus.
Utilizando dados e indicadores economicos, Lima defendeu supostas vantagens comparativas e possível autonomia imediata do pretendido estado do Tapajós.
3. Carlos Augusto de Souza, doutor em Ciência Política e professor da Unama, recortou a questão em quatro interessantes dimensões, do discurso da representação política à diversidade cultural, e fez ponderadas considerações sobre a validade de um plebiscito sem a necessária e exaustiva discussão pública a antecedê-lo.
Engajado num grupo de pesquisa que estuda a questão territorial, Carlos desmontou mito do tamanho - alegado pelo deputado Giovani (e pelo vereador pastor Reginaldo) ao comparar o tamanho de São Félix do Xingú ao dobro de Alagoas e Sergipe juntos - mostrando que é lá, em Sergipe e Alagoas, que estão os piores indicadores sociais do país.
Muito aplaudido, Carlos foi o palestrante melhor fundamentado da noite.
4. Deputado Federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), assumiu posição frontalmente contrária ao plebiscito, arguiu sua votação no Oeste e Sul do Pará como sinal de legitimidade em sua fala, afirmou que os governos tucanos diminuíram o hiato das demandas do interior citando, em defesa de sua assertiva, o Tramoeste, os Hospitais Regionais, a Alça Viária, e a introdução da equipamentos de segurança em várias cidades do interior.
5. Deputado federal Giovani Queiroz (PDT), o comandante-em-chefe da força tarefa separatista, também usou o datashow com dados do IPEA, e defendeu a contraditória tese de que o responsável pelas carências da região é a ausência do Estado - embora tenha sido e seja Estado - mas reclamou de sua presença no caso da Pagrisa, a usina de álcool recentemente acusada pelo Grupo de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho, cujo titular é de seu partido, ressalvando a independência dos auditores.
Infelizmente não houve tempo para que descrevesse qual seria o modelo de exploração economica da região do Carajás auto governado, mas se comprometeu a enviar ao site do debate as respostas que não puderam ser atendidas. Vamos aguardar.
6. Deputado estadual Joaquim Passarinho (PTB).
Deixei o deputado propositalmente para o final, de sorte a destacar a surpreendente arredondada que conferiu à seu discurso, questionando a proposta de Giovani que restringe a área da consulta apenas aos municípios incluídos nos desejados estados - mais marôta impossível - duvidando da correção dos critérios que definem os municípios sob essas unidades e, antes de Zenaldo, elencou uma série de investimentos no interior nas últimos governos que, a seu juízo - e ao meu também - pelo menos deprimiram a tendência de aumento das disparidades entre a capital e o interior, argumento comprovado pelos dados do próprio IPEA.
Foi enfático e correto ao afirmar que os problemas de insuficiência das políticas públicas acomete o estado como um todo, o que invalida a tese da exclusão enquanto monopólio das regiões separatistas.
Nenhuma palavra sobre forasteiros, ou quem ama não separa.
By the way, ao final do debate, decerto embalado pela chegada de sua elegante mulher - com todo o respeito, é claro - Passarinho voou baixo em cima de Giovani Queiroz.
Dentre os políticos, o mais agudo, simples, e direto.
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O poster, conforme prometido, apenas perguntou, como convém a um debatedor.
E nas considerações finais, encerrando o evento, manifestou duas posições: a favor do plebiscito, e contra a divisão.
Saiu de lá com firme convicção que essa bola rola longe.
E que estudar é preciso. Por isso vai começar já.
Sim, já ia esquecendo: Renan Calheiros apareceu num dos slides da exposição do vereador Reginaldo, numa visita midiática que fez à Brasília. A vaia foi ouvida na BR.

2 comentários:

Anônimo disse...

Waldyr, muito bom essa sua matéria. Deu pra ter a exata noção de como foi o debate. Agora, comparar Alagoas com o "Estado de Carajás" de certo modo não sei se nosso amigo foi feliz no discurso dele. Separar por separar também não dá. Creio que estudar será a melhor saída,..., mas se tratando de Governo Paraense...não sei não, mas apesar de tudo me orgulho de ter me criado em Tucuruí e Estar trabalhando em Carajás. Abraço

Roberto C. Limeira de Castro disse...

Thiago, a resposta ao mentirol da torcida organizada do Remo e do Paysandu está em http://obrasilnovo.blogspot.com/