Autora da denúncia que pediu a prisão preventiva de um grupo de pistoleiros chefiados pelo vereador Edmar Lima Cunha, a promotora Ana Maria Magalhães Carvalho, que está respondendo pela Promotoria Criminal da Comarca de Tailândia, descobriu um verdadeiro mar de sangue no rastro dos envolvidos.
Pelo menos quinze pessoas foram assassinadas pelos pistoleiros agindo sob as ordens do grupo de exterminadores, mas a Polícia Civil ainda não concluiu nenhuma investigação nem enviou qualquer parecer para o Ministério Público local.
Todos os presos tiveram preventiva decretada pela Justiça sob acusação do crime de formação de bando ou quadrilha, previsto no artigo 288 do Código Penal Brasileiro. Contudo, falta a polícia se pronunciar sobre as mortes para que a representante do Ministério Público possa formalizar a denúncia que irá gerar o processo pelos homicídios, capitulados no artigo 121.
Ana Maria Magalhães se diz chocada com o estado de ineficiência da polícia de Tailândia para apurar os crimes. “Não foram casos simples do furto de uma garrafa térmica, mas sim, de assassinatos e eu não tenho nenhum inquérito concluído para realizar aqui o meu trabalho”, lamenta.
Diante dos fatos, a promotora encaminhou ofício ao delegado geral de Polícia Civil, Raimundo Benassuly, assim como ao chefe da Diretoria de Polícia do Interior, delegado Miguel Cunha, pedindo empenho no sentido de que os procedimentos policiais sejam enviados ao Ministério Público de Tailândia do jeito que estiverem.
“Inicialmente, quero tomar pé da situação. Vou esperar apenas quinze dias para que a polícia me mostre a situação desses crimes, cujos corpos passaram pelo Instituto Médico Legal, mas não sei se houve procedimento apuratório. Do contrário, irei pessoalmente iniciar as investigações”, observa Ana Maria.
Segundo a promotora, ela também quer saber quem foram os delegados encarregados de apurar esses fatos, por que os casos estão paralisados na esfera policial e, assim, se for o caso, fazer um procedimento por crime de prevaricação contra as autoridades policiais.
“São quinze assassinatos e eu quero saber o motivo por que esses crimes não tiveram investigações concluídas e enviadas ao Fórum Criminal de Tailândia. É muito crime para ser apenas um caso de prevaricação. Tem alguma coisa errada e eu quero saber do que se trata”, afirmou Ana Maria Magalhães, que chegou ao Fórum de Tailândia no mês passado e garante impor linha dura para apurar todas as ações delituosas ocorridas no município.
“Esta cidade já está cansada de gente covarde. Vou fazer o que é necessário enquanto estiver em Tailândia. Do contrário, é melhor me transferirem daqui”, disparou Ana Maria Magalhães, ao ser instada quanto à própria segurança dela. Segundo disse, ela conta com a segurança da Polícia Militar, confia no trabalho dos oficiais de Tailândia, no entanto, não se sente tão segura ante os fatos que verificou terem ocorrido ultimamente na cidade, porém, diz que “alguém tem de fazer alguma coisa”.
Inclusive, ela instaurou um Procedimento de Investigação Criminal (Pic) contra o delegado Benedito Magno Coelho Costa, por entender que alguns dos homicídios ocorreram enquanto ele era o titular da DP de Tailândia, porém, não concluiu as investigações que deveriam estar no MP para formalização de denúncia e abertura de processo. (Roberto Barbosa)
Fatos deixam promotora e sociedade estarrecidas
Ana Maria Magalhães conta que passou o mês de março atuando em Tailândia, mas que só voltou ao município, já como titular do MP local, em julho passado. Explicou que a vereadora Rosângela Aparecida Dayrell Souza, presa como envolvida diretamente com o grupo na semana passada, teve sua custódia relaxada pelo fato de ter tido menor participação no grupo de extermínio chefiado pelo vereador Edmar Lima Cunha, que conta com a ajuda de seu filho de alguns sobrinhos para o cometimento de cerca de quinze assassinatos, todos com requintes de crueldade. Teria a vereadora apenas fornecido uma arma para um dos criminosos, fato este que ainda está sob investigações.
Tudo o que as autoridades sabem, no momento, é que os criminosos eram patrocinados por comerciantes de Tailândia, porém, esses ainda não foram identificados.
O grupo tinha poder sobre a vida e a morte consciente da impunidade que reinava no município. Quando os criminosos acreditavam que uma pessoa era desocupada, simplesmente a condenavam à morte. Entretanto, houve casos em que os chefes dos criminosos perderam o controle sobre os pistoleiros que terminaram, também, por assassinar pessoas de bem, gente trabalhadora.
Uma das vítimas foi o senhor Elielson Souza Cardoso, conhecido Léu. Ele foi à polícia em março deste ano e denunciou estar ameaçado. Em junho, o cidadão foi executado a tiros e pauladas na via pública. Dois dos envolvidos foram presos em flagrante. “Como é que uma pessoa faz uma denúncia de ameaças de morte e acaba sendo assassinada?”, indaga a promotora.
Além de Elielson, foram mortos Cosmo Alves Ribeiro, Bruno Esteifeson da Silva Flor, Edvaldo Frazão da Luz, Isael dos Reis Mendes, Adailson Ribeiro Ferreira, Carlos Alexandre Duarte Barbosa, Fábio das Chagas Rodrigues, Paulo Roberto Rodrigues de Souza (caso devidamente apurado), Daniel Silva Souza e Edvaldo Ribeiro Medeiros. Ainda faltam quatro mortos cujas identidades ainda são desconhecidas da representante do Ministério Público, que está procurando ouvir as famílias para poder apurar os crimes, as circunstâncias e apontar os possíveis envolvidos, mas, que tudo leva a crer, seja o bando do vereador Edmar Lima Cunha. (RB)
Os presos
Estão presos, à disposição da Justiça, além do vereador Edmar Lima Cunha, Francisco Wesley Páscoa da Cunha e José Cleiton Marcioney Almeida de Oliveira, que são os pistoleiros apontados pelas investigações policiais; Edson Araújo de Lima, José Erivaldo Andrade Cunha, Adean Marcioney Almeida de Oliveira, Manoel Martins Chaves, Lorioney Andrade Souza, Valmir Cunha Coutinho, Davi Sousa da Silva e Salomão Ribeiro Lopes.
Falta ser preso o envolvido Manoel Martins Chaves, que, igualmente a seus parceiros, teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Cristiano Magalhães. (RB)
MP vai discutir violência e segurança com o povo
Dada a preocupação da promotora Ana Maria Magalhães com a violência que recrudesceu em Tailândia, onde ainda existem muitas pessoas analfabetas que andam armadas pela cidade, e em função da existência desse grupo de extermínio, formado por gente perigosa com assento na Câmara Municipal, ela organizou um encontro com a sociedade civil para debater a questão da segurança pública e da violência no município.
O encontro irá acontecer no próximo dia 29/08, com a presença de pelo menos mil pessoas e autoridades ligadas aos direitos humanos. “Este é um evento que estamos realizando sozinhos, sem apoio governamental. É uma iniciativa exclusiva do Ministério Público que pretende encontrar caminhos para minimizar a questão da segurança pública que é drástica em Tailândia”, afirmou a promotora. (RB)
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Terra sem lei,lembro do ex morador de Tailandia Para,Jacunda Para e hoje mora em Nova Ipixuna no Para senhor Orizon Mardem Porto estuprou as 3 filhas e nada foi feito .Pelo que parece ele ja tentou violentar outras garotas ele foi candidato a vereador pelo PMDB.Gente denunciem um verme podre apodrece a sociedade. Um ser desse merece a morte ou ser violentado pior ainda.
Postar um comentário