terça-feira, 18 de março de 2008

Campanha de combate à hanseníase

Fotos: Waldyr Silva

Servidores ouvem informações sobre a doença


Médico Joaquim Campos

Preocupado com o grande índice de casos de hanseníase registrado atualmente no município, o prefeito Darci José Lermen determinou ao setor de saúde a realização de uma grande campanha de conscientização sobre a doença, envolvendo os servidores públicos e a população em geral.

A campanha culmina com a vinda de um veículo denominado Caminhão da Saúde, do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), dotado de cinco consultórios médicos, laboratório, palco, tenda, banheiro e elevador para deficientes físicos.

De acordo com o prefeito, o caminhão do Morhan vai permanecer montado em três bairros estratégicos de Parauapebas durante duas semanas, a partir do dia 31 do corrente, atendendo a comunidade.

A campanha visa estabelecer parceria com a sociedade, visando uma co-responsabilidade no controle e combate à doença; diminuir o preconceito através da informação; conscientizar os profissionais de saúde sobre a importância do diagnóstico precoce; e diagnosticar precocemente a hanseníase e tratar todos os casos detectados.

Para que a campanha obtenha êxito positivo, desde a semana passada uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) vem se mobilizando e reunindo, por setor, todos os servidores públicos municipais, fazendo destes potenciais multiplicadores de informações a cerca da hanseníase.

Doença, sintomas, transmissão e tratamento
A hanseníase é uma infecção crônica que produz lesões na pele, mucosas e nervos periféricos, e que se deve a uma micobactéria (Mycobacterium leprae) descrita, em 1874, por Gerhard Armauer Hansen (1841-1912), médico norueguês.

Causada por um bacilo, cujo nome científico é mycobacterium leprae, a doença ataca normalmente a pele, os nervos e os olhos. O bacilo é semelhante ao que causa a tuberculose e foi identificado em 1874 pelo médico Gerhard Hansen. A doença é popularmente conhecida como lepra, morféia e mal-de-lázaro e mal-da-pele.

Como se transmite
Os principais meios de transmissão dos bacilos são as vias aéreas superiores, boca e nariz. O bacilo apresenta longo período de incubação, em média de dois a cinco anos.

A pessoa não pega hanseníase através de abraços, bebendo no mesmo copo ou utilizando o mesmo talher.

Sinais e sintomas
Os principais sintomas da doença são manchas esbranquiçadas ou avermelhadas em qualquer parte do corpo; sensação de dormência ou formigamento na região atingida; redução ou ausência de sensibilidade ao calor, ao frio, à dor e ao tato; e queda dos pêlos sobre as manchas.

A doença pode atingir vários nervos, mas contamina mais freqüentemente os braços e as pernas. Com o avanço da doença, os nervos ficam danificados e pode impedir os movimentos dos membros, como fechar mãos e andar.

Na sua forma mais agressiva, os bacilos atacam as membranas das mucosas do nariz, boca e garganta, e os olhos também podem ser afetados.

De acordo com o médico Joaquim Campos, o diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico, examinando principalmente a pele e os nervos do paciente.

Como as manchas não coçam e não doem, geralmente o doente não procura os serviços de saúde para o diagnóstico no início da doença.

Tratamento
A hanseníase tem cura e não deixa seqüelas, desde que o diagnóstico e tratamento sejam feitos no início da doença. O tratamento será eficiente se for levado a sério do começo ao fim. Todos os medicamentos são distribuídos pela rede pública de saúde. O índice de abandono do tratamento chega até 30% no Brasil.

Complicações
Devido à invasão dos nervos pelos bacilos, em alguns casos, os músculos tornam-se paralisados e o doente perde a habilidade de mover os dedos das mãos e dos pés. Este comprometimento dos nervos é freqüente, tornando os pacientes incapacitados.

Os pacientes com perda de sensibilidade nas mãos e pés podem facilmente se machucar sem se dar conta disso e apresentar úlceras. Estas úlceras podem infectar-se com o decorrer do tempo, tornando-se deformidades irreversíveis.

Dados epidemiológicos de Parauapebas
Ano Casos novos Coeficiente de detecção Casos < 15 anos Taxa de incidência em < 15 anos
2002 178 22,73 20 11,23%
2003 263 32,29 42 15,96%
2004 264 31,22 27 10,22%
2005 199 21,72 31 15,57%
2006 197 20,68 1 10,65%
2007 239 19 23 9,62%

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