Com a queda na produção de sardinha nas últimas
décadas, um peixe da Amazônia pode ser a “salvação” para o mercado de
enlatados. A matrinxã (Brycon cephalus) vem sendo pesquisada como uma opção à
sardinha (Sardinella brasiliensis), que responde por dois terços do mercado
nacional de peixes em conserva.
O peixe de água-doce pode atingir 80 centímetros de
comprimento, cinco quilos e possui espinha excessiva, assim como a sardinha.
Pesquisa
Com o declínio dos estoques naturais de sardinha,
queda de cerca de 30% em 40 anos, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) estuda outras espécies de peixes propícias para a comercialização
em lata.
“É um projeto abrangente que analisará a viabilidade
econômica da produção, a aceitação do mercado consumidor, os processos
tecnológicos de processamento da matrinxã e a transferência de boas práticas
aos aquicultores interessados em produzir a espécie”, disse o coordenador do
projeto, Diego Neves, da Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO).
Estudos indicam que a matrinxã apresenta crescimento
precoce e boa conversão alimentar, chegando a atingir entre 800 gramas e 1,2
quilo em um ano.
“Caso a matrinxã se mostre mais onerosa que a
sardinha, podemos inseri-la em outro nicho de mercado e testar outras espécies
para substituir a sardinha verdadeira”, afirmou Diego Neves.
Segundo os pesquisadores, o peixe também possui
características que o tornam favorável para agricultores familiares.
“De acordo com a literatura, a matrinxã pode se
tornar importante tanto para a indústria conserveira de pescado como para
pequenos produtores, que podem fazer o processamento por meio de cooperativas”,
declarou.
Viabilidade
técnica
Em julho, participantes do projeto da Embrapa
visitaram a indústria Nova Piracema de Conservas, no Rio de Janeiro, levando
amostras de matrinxã e sardinhas de água doce para testes de produção. Esses
primeiros ensaios indicaram viabilidade técnica do processo de enlatamento das
duas espécies já evisceradas e descabeçadas.
Entre os resultados esperados do projeto estão a
integração dos piscicultores da região Norte com a indústria conserveira, o
desenvolvimento dos pequenos produtores e a oferta de proteína animal de boa
qualidade a preços acessíveis à população.
“O projeto também colocará a indústria de
processamento de pescado em contato com produtos oriundos da aquicultura em
substituição ou complementação à produção pesqueira”, apontou Viviane Verdolin,
pesquisadora da Embrapa que atua no projeto. (Fonte: UOL Notícias)
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