Depois da pressão dos familiares, de entidades de
defesa dos trabalhadores rurais e de direitos humanos, a partir de 9 de agosto
de 2013, a Polícia Civil, por determinação direta do delegado geral Rilmar
Firmino de Sousa, realizou buscas no interior da fazenda Vale do Triunfo, do
Grupo Santa Bárbara, no intuito de encontrar o corpo de Welbert Costa Cabral,
desaparecido desde 24 de julho de 2013.
Apesar dos esforços já empreendidos, contando com
vinte homens, quatro viaturas e um helicóptero da Polícia Civil, o corpo de
Welbert ainda não foi encontrado. A polícia apreendeu, durante as buscas, um
verdadeiro arsenal de armas de fogo e munições de vários calibres no interior
da fazenda, sem que o grupo Santa Bárbara consiga explicar o porquê da
existência de tais armas no interior de sua propriedade.
Além do corpo da vítima estar desaparecido há mais
de 20 dias, outras provas importantes para as investigações não foram
disponibilizadas pela fazenda Santa Bárbara, como, por exemplo, duas
caminhonetes que desapareceram, de um total de três existentes na propriedade
rural.
Além disso, Divo Ferreira e Maciel Berlanda, indiciados
pelo brutal assassinato e com mandado de prisão devidamente expedido pela
Justiça da Comarca de São Félix do Xingu, continuam foragidos.
Diante desses fatos, acreditamos que a gerência da fazenda
esteja dificultando as investigações, o que é fato grave, tendo em vista o
desaparecimento doloso de vestígios do crime ocorrido dentro do interior da
fazenda.
Segundo os depoimentos já colhidos pela Polícia Civil,
Welbert Cabral Costa foi atraído para a fazenda, no interior do município de
São Félix do Xingu, no último dia 24 de julho para conversar acerca de direitos
trabalhistas, quando foi assassinado. O caso ganhou repercussão nacional,
depois que dezenas de blogs publicaram o fato, o que ajudou a divulgar nas
mídias televisivas e imprensa escrita.
A Polícia Civil deu atenção especial ao caso, o que
provavelmente não aconteceria sem a pressão dos familiares e das entidades
ligadas aos trabalhadores rurais e de direitos humanos, e que poderia cair no
esquecimento, como tantos outros.
Na última segunda-feira (12), familiares de Welbert Costa
fizeram uma manifestação em Redenção, no sul do Pará. Eles foram até o
escritório da fazenda “Lagoa do Triunfo”, onde o trabalhador rural trabalhava,
para chamar atenção das autoridades e pedir justiça. Por sua vez, a
Agropecuária Santa Bárbara, dona da fazenda, vem informando que está
colaborando com as investigações da polícia, dizendo ainda que repudiava qualquer
tipo de violência. No entanto, na prática isso não está correspondendo à
realidade, tendo em vista que ainda existem lacunas e perguntas que o grupo
Santa Bárbara e as autoridades que investigam o caso precisam responder:
Por que a gerência do Grupo Santa Bárbara não
apresentou todos os veículos indicados como possíveis elementos da ocultação do
corpo de Welbert?
Por que o grupo Santa Bárbara não apresentou os
funcionários Divo Ferreira e Maciel Berlanda, apontados como executores de
Welbert?
Por que o grupo Santa Bárbara, até a presente data,
não fez qualquer contato com a família do trabalhador, que foi assassinado por
funcionários da fazenda?
Por que a Santa Bárbara não procurou a família para
tratar dos direitos trabalhistas de Welbert?
Porque a quebra dos sigilos de fluxos de ligações
telefônicas e mensagens de SMS, dos telefones de Welbert, Zé Geraldo (gerente
da fazenda) e dos telefones fixos da fazenda não foram solicitados pela
autoridade policial à Justiça?
Assim, diante de tais questionamentos e lacunas, as
entidades e instituições abaixo assinados EXIGEM das autoridades competentes as
seguintes providências, em caráter de URGÊNCIA:
1. Que a Polícia Civil do Estado do Pará investigue
os fortes indícios de omissão e ocultação de provas possivelmente praticados
pela gerência do grupo Santa Bárbara e que esclareça onde se encontram as duas
caminhonetes desaparecidas de propriedade do Grupo Santa Bárbara;
2. Que a Polícia Civil intime para prestar
esclarecimentos os prepostos e responsáveis da fazenda Santa Bárbara sobre o
paradeiro das duas caminhonetes de propriedade do grupo, caso não sejam
apresentadas e requeira busca e apreensão das duas caminhonetes não
apresentadas espontaneamente pelo Grupo Santa Bárbara em todos os imóveis de
propriedade do grupo;
3. Que a Polícia Civil esclareça junto à fazenda
Santa Bárbara se existe uma lista e controle de armas e munições utilizadas por
seus funcionários e investigue como são adquiridas as armas e munições
utilizadas pelos funcionários do Grupo Santa Bárbara;
4. Que o delegado responsável pelas investigações e
o Ministério Público estadual requeiram à Justiça a quebra dos sigilos de
fluxos de ligações telefônicas e mensagens de SMS, dos telefones de Welbert, Zé
Geraldo (gerente da fazenda) e dos telefones fixos da fazenda;
5. Que a Polícia Civil continue as buscas pelo corpo
de Welbert dentro da fazenda e nas imediações indicadas por testemunhas e por
familiares;
6. Que a Polícia Civil intensifique busca pelos
indiciados DIVO FERREIRA e MACIEL BERLANDA e que sejam comunicadas sobre o
mandado de prisão outras unidades federativas e Polícia Federal e Rodoviária Federal;
7. Que a Polícia Civil investigue e esclareça a
possível participação do grupo Santa Bárbara em facilitação de fugas dos
funcionários DIVO FERREIRA e MACIEL BERLANDA, indiciados e com mandado de
prisão expedido;
8. Que a Polícia Civil inclua em seu site (os mais
procurados) as fotos e nomes de DIVO FERREIRA e MACIEL BERLANDA;
9. Que o CPC Renato Chaves agilize os exames
periciais já solicitados pelo delegado responsável pelo IPL;
Ao final, nos solidarizamos com a dor e angústia da
família que, desesperada, clama: “Onde está Welbert?”
Xinguara (PA), 16 de agosto de 2013
Comissão
Pastoral da Terra (PA)
Sociedade
Paraense de Defesa dos Direitos Humanos
Comissão
de Direitos Humanos da OAB/PA
Federação
dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri)
Movimento
dos Sem-Terra (MST-PA)
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