Fotos: Waldyr Silva
Indignadas com a morte de um rapaz vítima de acidente de moto ocorrido na terça-feira (14), dezenas de famílias residentes na vila de Serra Pelada interditaram, na manhã da última quinta-feira (16), trecho da estrada de chão que dá acesso àquela localidade, a 6 quilômetros da vila.
Ouvidos pela reportagem do CORREIO, os manifestantes informaram que o protesto tinha como objetivo chamar a atenção das autoridades constituídas do município de Curionópolis, do Estado do Pará e até do Brasil, a fim de que atendessem aos pleitos da comunidade de Serra Pelada.
Entre as reivindicações das famílias, constam asfaltamento dos 35 quilômetros de estrada que liga a rodovia PA 275 ao distrito de Serra Pelada, moralização na administração da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), assistência médica, com efetivo funcionamento de posto de saúde; implantação de sistema de telefonia, escola municipal com educação de qualidade, energia elétrica todo dia, água tratada, entre outros pleitos.
Em declarações prestadas à reportagem, o líder dos manifestantes, Ataliba da Silva Leite, enfatizou que há anos os direitos dos moradores de Serra Pelas vêm sendo vilipendiados pelas autoridades, e a morte de João de Deus, 36 anos, na estrada empoeirada que dá acesso à vila, foi o estopim da situação.
Segundo Ataliba Leite, depois que as obras de instalação dos projetos que vão explorar ouro, por um consórcio liderado pela empresa Colossus, e outros minérios, pela empresa Vale, a comunidade do antigo garimpo de Serra Pelada não teve mais sossego.
O porta-voz dos manifestantes revela que, com a intensa movimentação de comboios de veículos pesados na estrada de chão que dá acesso ao povoado e aos dois projetos de mineração, ficou praticamente impossível o tráfego de pessoas pilotando moto e outros carros menores, em virtude da quantidade de poeira provocada pelos caminhões pesados.
De acordo ainda com Ataliba Leite, a pauta de reivindicação de todos os pleitos da comunidade estaria sendo encaminhada nesta sexta-feira (17) ao prefeito de Curionópolis, ao Ministério Público, à direção das empresas Colossus e Vale; ao Ministério das Minas e Energia, e a quem de direito.
“Estamos sendo tratados aqui em Serra Pelada pior do que animais pelo pessoal responsável pelos dois projetos e pelas autoridades”, reagiu o morador Ademar Silveira Campos, garantindo que as famílias só iriam desocupar a estrada quando, pelo menos, parte de suas revindicações fosse atendida pelos órgãos responsáveis por cada setor.
POLÍCIA MILITAR
No momento em que a reportagem do CT conversava com os manifestantes, por volta de meio-dia de quinta-feira (16), o ten-cel Roberto Coraci, comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar em Parauapebas, chegou ao local da interdição da estrada, ouviu a reivindicação das famílias, enfatizou a necessidade de a estrada ser liberada e informou que iria informar a situação ao comando geral da PM, em Belém, que decidiria se mandaria ou não homens preparados para desinterditar a estrada. Até o final da tarde de ontem (17), os manifestantes continuavam com estrada interditada,
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