“Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”. Já exclamava Chico Buarque de Holanda na música “Apesar de você”, em 1970, durante os primeiros anos do regime militar brasileiro. Perfeitamente descrito pelo artista em suas canções contestatórias, o grito do povo por liberdade permaneceu calado durante duas décadas. Alguns até ousam dizer que a repressão fortaleceu a população e foi a coragem necessária em 1984 para milhões de brasileiros marcharem por seus direitos políticos no movimento das “Diretas já”.
Há exatos 25 anos, o país foi transformado em uma só nação, e pela primeira vez na história conseguiu ultrapassar barreiras de classe, cor e partido político. Tudo em busca de um bem comum: o direito ao voto direto para presidência da República.
Enormes comícios onde figuras perseguidas pela ditadura militar ‑ artistas, intelectuais, estudantes e diversos partidos políticos ‑ militavam pela aprovação do projeto de lei do então deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MS). Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva eram figuras à frente no movimento.
Mesmo com a enorme pressão popular, os militares da época não se sensibilizaram para que eleições diretas acontecessem. Com apenas 22 votos de diferença e um grande número de abstenções, a proposta foi rejeitada pelo congresso. O sistema indireto foi mantido para as eleições de 1985 e o colégio eleitoral (Congresso e deputados estaduais) elegeu Tancredo Neves presidente da República e José Sarney como vice.
Ainda assim, o movimento das “Diretas já” foi de grande importância para a redemocratização do Brasil. Apesar de Tancredo ter falecido antes mesmo de tomar posse e Sarney, ex-líder do regime militar no Senado, ter assumido o cargo, a elite política brasileira mudou de cara.
Em 1988, uma nova Constituição Federal foi aprovada. No ano seguinte, o jovem Fernando Collor de Melo se tornou o primeiro presidente escolhido por eleições diretas no país ‑ e é afastado do cargo por impeachment em 1992.
Como disse Chico Buarque, "como vai abafar nosso coro a cantar na sua frente?". Apesar dos erros e acertos, antes uma política construída pela vontade e consciência do povo, do que imposta por uma minoria.
Vinte e cinco anos depois das “Diretas já”, o Brasil é um exemplo mundial de eleições limpas e democráticas. E você, faz jus ao seu direito? Vote consciente.
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