segunda-feira, 8 de março de 2010
Damas de ferro das minas Carajás
Núbia (D) e sua equipe
Milleny coloca o fora-de-estrada na "palma da mão"
Quando chegou a Parauapebas, na década de 80, Maria Aparecida Ueoka tinha 21 anos e muitas esperanças na bagagem. Técnica em Química, a então estagiária tinha pela frente um duplo desafio: vencer o preconceito - era uma das raras mulheres no imenso canteiro de obras chamado Complexo Minerador de Carajás - e ser forte como o ferro para seguir em frente na carreira e ajudar a construir a maior mina a céu aberto do mundo.
Naquela época, Parauapebas era uma vila de Marabá e mesmo para a jovem que tinha deixado sua cidade natal, Itabira, cidade igualmente interiorana, a adaptação não seria fácil. "Não havia opções de lazer, a energia elétrica era fraca e as estradas precárias. Era difícil chegar as coisas mais básicas como roupas e alimentos. Mesmo no trabalho, tudo era mais difícil. Os carros que circulavam nas minas eram fusquinhas brancos, e tudo era feito à mão ou datilografado. Computador era artigo de luxo. Nem de longe tínhamos toda essa tecnologia de hoje. Não consigo imaginar este lugar funcionando sem a nossa presença. Ponderamos mais e deixamos tudo organizado", recorda, sem esconder o saudosismo e o orgulho de ser uma das damas de ferro que escreveram a história das minas de Carajás.
Se para a técnica em Química Maria Aparecida ser forte era condição para resistir ao hostil ambiente amazônico, para a paraense Milleny Cristina Silva é necessário nervos de aço. Afinal, trocar a vida como decoradora de festas para se tornar uma das poucas mulheres a conduzir veículos de mais de 240 toneladas exige uma forcinha extra. Embora esteja há menos tempo em Carajás - ela chegou de Belém faz quatro anos -, ela fala com a empolgação peculiar dos condutores de caminhão fora-de-estrada sem perder a feminilidade.
"Fiquei encantada, tanto que coloquei na cabeça que um dia iria operar um desses veículos. Temos muito mais capricho para deixar o caminhão sempre limpinho e cheiroso, coisa que nem todo homem faz", gaba-se.
O lado mulher de Milleny não está somente na cabine dos fora-de-estrada que ela opera, tampouco seu lado mãe. Quando não está conduzindo 240 toneladas de minério de ferro em cada viagem, está cuidando da filha de sete anos e do marido.
"Nem sei como consigo tempo para tudo, pois ainda faço um curso técnico de mineração e já me matriculei no curso de segurança do trabalho", conta ela, que ainda sonha em cursar faculdade de Engenharia de Minas.
Futuro e currículo na mão
Se as mulheres marcam forte presença no passado e no presente de Carajás, é no futuro que se encontram as maiores apostas. Para a paraense Núbia Mapa, que entrou na Vale como estagiária, esse futuro já chegou, pois cargos estratégicos dentro da empresa estão sendo ocupados pelo time do batom. Núbia, que acabou de ser promovida a gerente de Gestão e Qualidade, marca mais uma página na história de Carajás, assumindo um posto nunca antes ocupado por uma mulher em 25 anos de operação das minas.
"Atribuo estas oportunidades ao fato de hoje corrermos mais atrás da nossa qualificação e do nosso espaço. O conhecimento nunca é demais; ampliei meu currículo por meio de cursos de graduação e pós-graduação e no momento estou iniciando uma nova etapa na minha formação em um curso de graduação em Engenharia Ambiental", empolga-se Núbia com sua receita especial de sucesso profissional e pessoal. (Assessoria de Imprensa da Vale)
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