sexta-feira, 11 de julho de 2008

Células-tronco

CRÔNICAS DO PC

Vamos imaginar, apenas para exemplificar, três pessoas aqui em nosso meio acometidas de doenças crônicas irreversíveis, sem esperança de recuperação, e que agora, com a notícia da decisão do Supremo Tribunal Federal em liberar a pesquisa de células-tronco embrionária, pode haver cura para elas.

A igreja historicamente retrógrada lutou pra que tal fato não acontecesse. Sempre foi contra a execução de tais pesquisas, alegando que um embrião humano já representa vida em seu estado primitivo. Besteira.
Nem quero e nem vou polemizar com tal assunto. Deixo a briga para os lados científicos e religiosos, dando graças a Deus não ser o Brasil um estado laico.

Apenas fico feliz que em futuro próximo muitas pessoas com doenças incuráveis sejam recuperadas e integradas a uma vida normal e capazes de exercer inúmeras atividades. É bom sabermos o que afirmam as pesquisas realizadas por equipes de cientistas em diversos países do mundo, inclusive o Brasil.

“A célula-tronco, também conhecida como célula-mãe ou células estaminais, são células que possuem a melhor capacidade de se dividir, dando origem a células semelhantes às progenitoras”.

“Nas células-tronco os embriões têm ainda a capacidade de se transformar num processo também conhecido por diferenciação celular em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, músculos e sangue”.

“Devido a essa característica, as células-tronco são importantes, principalmente na aplicação terapêutica de combate a doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, diabetes tipo 1, acidentes vasculares cerebrais (AVC), doenças hematológicas, trauma na medula espinhal e nefropatias”.

É o caso de se ponderar: deixemos milhares de pessoas por esse mundo afora sofrendo males terríveis, ou apoiamos a tese da igreja em afirmar que um embrião é vida, e pelos preceitos divinos não pode ser usado em pesquisas científicas, em qualquer situação.

Lembremos apenas de que Gallileu Gallileu, o astrônomo italiano, foi parar na fogueira porque provou que a terra era redonda, e a igreja desmentia.

O principal objetivo de pesquisa com células é usá-las para recuperar tecidos danificados por essas doenças e traumas. São encontradas em células embrionárias e em vários tipos de corpos, como o cordão umbilical, medula óssea, sangue, fígado, placenta e no líquido amniótico. Neste último local, conforme descoberta de pesquisadores dos Estados Unidos, foi noticiada com alarde no ano de 2007.

Os fundamentos teóricos até agora divulgados pela ciência, e expostos à mídia em grande destaque, resultam na firme crença de que tudo vai bem ao que diz respeito aos estudos das células-tronco. Já se sabe o suficiente para se garantir alguma coisa.

“Após a fecundação, a célula formada é dominada zigoto, que é uma célula muito potente. Explicando melhor, tem a capacidade de originar todo o indivíduo com a sua complexa estruturação diferenciada”.

Na realidade, a identificação, a separação, o isolamento e a cultura das células-tronco já são fatos verdadeiros que permitem que se possa inferir seu aproveitamento terapêutico.

Com a finalidade meramente didática e especulativa, imagine-se, por exemplo, a revolução em termos médicos que os seguintes fatos poderiam desencadear em células-troco ou células isoladas seria implantada em determinadas áreas e estimuladas a iniciar sua multiplicação, reconstituindo um órgão perdido. Desta maneira, um braço, uma perna, um fígado ou mesmo um coração poderiam ser construídos. É indispensável, no entanto, a percepção de que a realidade atual é completamente diversa.

Acredita-se que um longo período ainda será necessário para a concretização desses sonhos. O controle do estímulo à divisão e diferenciação dessas células ainda está longe de ser uma rotina nos laboratórios. Quanto à utilização de células-tronco adulto e embrionária, várias discussões éticas poderiam ser estabelecidas.

Felizmente, em todo o mundo a maioria dos países adotou baseados em lei a pesquisas de células-tronco. O Brasil não poderia ficar de fora por uma questão meramente religiosa, e que não vai impedir nem a mim e nem a ninguém receber a salvação eterna. Que me desculpe o clero brasileiro, mas falaram mais alto os juizes do Supremo Tribunal Federal em julgar favoráveis as pesquisas de células-troco.
Amém!

Pedro Cláudio de Moura Reis (PC)
E-mail: pcmourareis@yahoo.com.br

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