sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Governo do PT e as rádios comunitárias: 10 anos de solidão (parte 2)

Por Dioclécio Luz (assessor parlamentar na Câmara dos Deputados, Brasília, julho 2013)
Primeiro: a ignorância é saudável
No município de Santa Luz, sertão da Bahia, funciona uma boa rádio comunitária, a Santa Luz FM: sua gestão é democrática, não pertence a padre ou pastor, não tem jabá e a comunidade participa ativamente. É assim desde 1998, quando a RC (rádio comunitária) surgiu. Como não tinha autorização de funcionamento, a Santa Luz FM foi tratada como “pirata” e fechada pelo menos quatro vezes pela Polícia Federal e Anatel. Em 2007, quando a rádio ainda era tratada como “pirata” pelo Governo do PT, porque operava emissora sem autorização, seu diretor, Edisvânio Nascimento, ganhou o prêmio de “Jornalista amigo da criança”, concedido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Na época, Edisvânio nem tinha formação em jornalismo (agora está concluindo). Hoje, a rádio tem autorização - a Santa Luz levou dez anos para conseguir o documento.
Ocorre que o Palácio do Planalto e o Ministério das Comunicações não fazem a mínima ideia de onde fica Santa Luz, tampouco sabem que lá existe uma boa rádio comunitária e que uma equipe desta rádio foi premiada pela competência jornalística. O governo não quer saber disso. Na verdade, não sabe nem o que é uma rádio comunitária. A única leitura permitida é a política, mas uma política pobre, maquiavélica, apartando o bem (quem tem poder) e o mau (quem não tem). Esta ignorância é saudável para um governo que somente negocia com quem tem poder. (Continua)

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