Pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul
desenvolveram placas de captação de energia solar mais eficientes que a média
mundial, a custos menores, mas ainda não conseguiram ganhar escala no mercado
brasileiro. “Usamos a mesma matéria-prima do exterior com uma receita
brasileira de forma mais econômica”, diz Adriano Moehlecke um dos responsáveis
pela pesquisa. Moehlecke afirma que foram feitas estimativas mostrando redução
de gastos na fabricação em comparação com os padrões internacionais, mas que
ainda não pode divulgar esses números. Sobre a eficiência, a célula
nacional converte 15,4% da energia solar em elétrica. Pode parecer pouco, mas a
média mundial é de 14%. As melhores placas solares comercializadas do mundo
convertem cerca de 16%.
Atualmente, a tentativa de produzir de forma viável
as placas fotovoltaicas é feita em uma mini fábrica dentro da PUC. A ideia dos
pesquisadores, que trabalham há 10 anos no projeto, é desenvolver um meio de
gerar este tipo de energia e comercializá-lo no país, com materiais encontrados
no mercado nacional.
O setor tem acumulado crescimento. “A industria de
módulos fotovoltaicos cresce a uma média de 80 % ao ano no mundo”, diz
Moehlecke . Foram produzidos 7.900 megawatts entre 2007 e 2008. A energia
gerada é equivalente a metade da geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu. “A
cada dois anos, saem das fábricas, uma Itaipu solar, mas o Brasil está fora de
tudo isso, as aplicações são muito tímidas ainda, a maioria em sistemas
isolados da rede elétrica”, diz.
Moehlecke estuda a produção de energia solar desde
1997 em parceria com a pesquisadora Izete Zanesco. O trabalho foi iniciado na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ganhou notoriedade em 2002 quando
os pesquisadores venceram o Prêmio Jovem Cientista.
Eles já receberam cerca de R$ 6 milhões em
investimento do Governo Federal, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),
Petrobrás, Eletrosul e Companhia Nacional de Energia Elétrica (CNEE). Isso
tudo, no entanto, ainda é insuficiente para que essas placas sejam produzidas
em grande escala. Foram entregues 200 unidades aos patrocinadores do projeto,
Petrobrás, Eletrosul e outras empresas. Os módulos serão instalados e testados
em março.
Por
que não temos
São diversas as razões que podem explicar a falta de
incentivo a esse tipo de energia no Brasil. Um deles é o preço, a energia ainda
é mais cara que as demais. “Mas este valor está caindo ano a ano”. Cálculos da
Universidade Federal de Santa Catarina revelam que em 2013 o quilowatt-hora produzido
pela rede elétrica convencional brasileira e aquele produzido pelas redes
solares terão o mesmo valor na região Nordeste.
Outra razão para o aparente desinteresse em investir
em fontes de energias limpas é “a muleta das hidrelétricas: ter uma energia
limpa hoje, dificulta o desenvolvimento de novas energias mais limpas. Mas
temos que pensar no futuro sem carvão ou nuclear, não vamos conseguir
aproveitar os rios eternamente”. A falta de mercado imediato também faz com que
investidores não queiram apostar nesta tecnologia: “O governo diz que não
haverá incentivo à produção enquanto não houver mercado. A empresas não se
interessam em produzir porque não há incentivo do governo, é um ciclo”, diz
Moehlecke. (Fonte: Revista Galileu)
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