A Justiça Federal obrigou o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) a realizar a regularização fundiária
da Floresta Nacional (Flona) do Itacaiunas, no sudeste do Pará. Apesar de ter
sido criada há mais de 15 anos, a Flona ainda não foi regularizada e hoje 82%
de sua área está tomada por ocupantes que em sua maioria vivem da abertura
ilegal de pastagens para criação de gado, acarretando graves danos ambientais.
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a
juíza federal Nair Cristina Corado Pimenta de Castro estabeleceu um cronograma
para que a regularização seja feita. Caso a decisão judicial não seja cumprida,
o ICMBio terá que pagar multa de R$ 3 mil por dia de descumprimento.
Segundo a decisão liminar (urgente), em um prazo de
seis meses o ICMBio deve elaborar e apresentar diagnóstico da situação
fundiária da unidade de conservação. Ao mesmo tempo, deve ser feita a remoção
do gado hoje localizado no interior da Flona.
Assim que o diagnóstico da situação fundiária for
aprovado pela Justiça e avaliado pelo MPF, o ICMBio terá outros seis meses para
elaborar e apresentar o diagnóstico da situação socioeconômica da área. O
trabalho também ficará sujeito à aprovação da Justiça e à avaliação do MPF.
Depois que os diagnósticos estiverem aprovados, o
ICMBio terá seis meses para elaborar e apresentar o plano de regularização
fundiária da floresta. O plano terá que contar com cronograma e prazo de
conclusão. Aprovado o plano, a execução dos trabalhos tem que começar dentro de
um ano, sendo que a cada semestre o ICMBio terá que comprovar na Justiça o
cumprimento das atividades previstas.
Desmatamento
Na ação, encaminhada à Justiça Federal em Marabá em
março deste ano, os procuradores da República Luana Vargas Macedo, Melina Alves
Tostes e Tiago Modesto Rabelo registram que, apesar da ocupação irregular e da
progressiva degradação da Flona, o ICMBio não tomou uma das medidas mais
essenciais à efetiva resolução do problema: a regularização fundiária.
“Ao invés disso, age apenas no sentido de punir os
ocupantes da Flona por suas ações danosas ao meio ambiente, numa atuação
repressiva que, embora seja necessária e mesmo impositiva, certamente não
resolve de modo definitivo o problema; é que, apesar dos autos de infração
lavrados, os ocupantes quase sempre continuam irregularmente no interior da Flona,
não raras vezes praticando as mesmas atividades ilícitas que motivaram a
punição anterior, e o dano ambiental por eles causado permanece sem reparação”,
criticam os procuradores da República.
Segundo o MPF, desde 2000 mais de 15 mil hectares de
vegetação nativa da floresta foram desmatados. Apenas no período que vai de
maio de 2010 a janeiro deste ano, trinta denúncias pela prática de ilícitos
ambientais foram ajuizadas pelo MPF em Marabá contra ocupantes da Flona.
Assim, além da regularização fundiária da unidade de
conservação, o MPF pediu à Justiça que o ICMBIo seja condenado a restaurar a
área degradada. O pedido é para que o prazo para a realização do reflorestamento
seja de três anos e meio. A Justiça Federal ainda não se pronunciou sobre essa
demanda do MPF.
Processo nº 0001585-05.2013.4.01.3901 – 2ª Vara
Federal em Marabá / Íntegra da ação: http://goo.gl/kntCp / Decisão: http://goo.gl/3VTpG
Acompanhamento processual: http://goo.gl/HV7aR
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação: (91) 3299-0148 / 3299-0177 / 8403-9943 / 8402-2708 - ascom@prpa.mpf.gov.br, http://www.prpa.mpf.gov.br, http://twitter.com/MPF_PA e http://www.facebook.com/MPFPara
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