Ana Júlia e José Serra, candidatos derrotados, após a abertura das urnas, disseram - e não era ensaio -, que farão oposição ferrenha aos adversários que os derrotaram. Deixa eu ver se entendi.
José Serra amargou uma derrota indiscutível em Minas Gerais, 2º maior colégio eleitoral do país. Ficou claro que os mineiros queriam Aécio Neves como candidato.
Ana Júlia teve uma derrota indiscutível no interior do estado, onde o senhor Simão Jatene só andou para lançar anzóis, desviando, claro, os dois olhos do caminho.
Ficou evidente que a governadora deixou de cuidar de municípios, cujo colégio eleitoral a reelegeria com certa facilidade. E olha que Ana Júlia não tinha concorrente ao cargo, como foi o caso de Serra.
Serra vacilou desde o início do pleito. Deixou para a última hora sua decisão se era ou não candidato. Isso acabou com suas pretensões.
Olhando direito os números por estado, após a apuração, pode-se constatar que os votos somados do Norte e Nordeste, mesmo se não existissem, ainda assim Dilma ganharia as eleições. Sua performance no Sul e Sudeste foi espetacular.
Voltando às declarações de ambos, em primeiro lugar, vamos combinar: fazer oposição pela boca do outro não é a mesma coisa. E ir para a mídia para baixar o pau em quem o derrotou será algo ridículo.
Serra desincompatibilizou-se do cargo. Ana agarrou-se ao cargo, misturando as agendas de candidata e de governadora. Serra deixou o ex-deputado federal Alberto Goldman conduzindo São Paulo. Ana Júlia nunca achou que seria natural passar a faixa para o seu vice, Odair Correa. Seria muito interessante os repórteres perguntarem à governadora dos paraenses por que ela optou por isso.
Mais importante ainda é que a ficha parace que ainda não caiu para ambos, Serra e Ana Júlia. Vou lembrá-los: os dois não têm cargo. Político só tem voz quando tem cargo. É até ouvido aqui e ali, ainda no calor dos acontecimentos, mas, depois, cai no ostracismo e não apita mais nada na tribo. A esse fenômeno chamamos de democracia. É a alternância do poder.
Se não me engano, foi o ex-governador Almir Gabriel que disse que Simão Jatene governador eleito no Pará estaria na folha de pagamento da Vale como consultor.
Num domingo, estava eu lendo os jornais de Belém na Terra do Meio, sorvendo um licor de jambu preparado pelo meu guru André Costa Nunes. Na entrevista, Simão Jatene jurava pela fé da mucura, como diz o Hélio Gueiros, que nunca tinha recebido nenhum centavo da Vale e que isso não passava de uma deslavada mentira.
Muito bem. Algum repórter foi apurar quem disse a verdade? Nenhum, meus caros. Se Almir disse a verdade, por que Ana Júlia não explorou isso em sua campanha? Afinal, recordem-se: Jatene quando era governador jurou pela fé da mucura que a Vale construiria, com a anuência do Estado, 30 mil casas populares e faria mais outras séries de ações para mitigar o anúncio de que a hoje siderúrgica em franca construção em Marabá (ALPA) seria instalada na periferia de São Luis do Maranhão.
Se Almir mentiu, por que Ana Júlia aceitou seu apoio? Nem vou especular uma segunda intenção em relação a isso, para não comprometer o blog com uma ação judicial. E já vou logo avisando que os anônimos que gostam de jogar fogo na vela irão para a lixeira se não se comportarem.
Há muitas outras razões para essa derrota de Ana Júlia. Muitos estão atribuindo ao racha de seu governo com o PMDB do Jader.
Particularmente, acho que Ana Júlia se deixou levar pelos maus conselhos da gente que a assessorava diretamente. Gente, diga-se, que só aprontou lambança atrás de lambança desde 2006.
Todos que conhecem o magnetismo pessoal da governadora, e sua grande experiência política, sabem que ela contornaria, caso agisse pessoalmente com Jader Barbalho, para superar a crise que tornou seu governo um déjà vu vivido pela própria Ana Júlia, quando foi vice-prefeita de Belém no governo Edmilson Rodrigues.
Uma coisa é ser um brilhante parlamentar. Outra coisa é ser um mediano administrador. No Senado Federal e na Câmara dos Deputados, por exemplo, o detentor do cargo tem à sua disposição os melhores assessores de suas respectivas áreas. Só não faz um bom mandato quem realmente não tem preparo para o cargo. O que não significa que esse ou essa político(a) não pode se dar muito bem num mandato no Executivo. E é exatamente isso que veremos com Dilma. Já vi, muito bem, o que é ser governado por Simão Jatene. Um dos piores governos que o Carajás amargou em sua existência. Ana Júlia está fazendo o caminho inverso dessa tese.
Há outras razões para sua derrota, e isso foi bastante explorado pelo marketing dos tucanos. Fiquem à vontade para listá-las. É na derrota que aprendemos o que fizemos de errado para perder essa eleição que eu avaliava como ganha. E a vida continua. É assim mesmo. Todos os envolvidos nesse caso ainda são bastante jovens para dar a volta por cima. Espero, sinceramente, que reflitam bastante. (Val-André Mutran, no Blog Flanar)
terça-feira, 2 de novembro de 2010
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