sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Situação da água em Parauapebas (II)

A ETA até então só tinha capacidade para atender a uma população de 70.200 habitantes (computando as perdas no sistema). Na época, já estavam ligadas ao sistema 12.251 ligações, perfazendo uma população estimada na ordem de 61.255 habitantes, sem contar com as ligações clandestinas existentes no sistema e não computadas.

Em 2004, após a expansão da rede no Complexo Altamira, foram efetuadas cerca de 3 mil ligações de água ao sistema, ou seja, para atender aproximadamente 15 mil pessoas, totalizando uma população atendida com os serviços de abastecimento de água na ordem de 76.255, ou seja, 8% a mais da capacidade do sistema.

Além do mais, deve-se considerar as perdas físicas e não físicas no sistema de abastecimento de água (tratamento e distribuição), que chegam à ordem de 35% da capacidade de produção, ou seja, 315 m3/h, e que devem ter aumentado substancialmente com essas novas expansões, principalmente no Complexo Altamira, onde é difícil a fiscalização porparte do Saaep, devido ao forte crescimento populacional desses bairros.

Então, os bairros ora atendidos regularmente com água passaram a sofrer com a falta. Isso se deu mais especificamente a partir do mês de maio de 2005, com o aumento da demanda sem aumento da produção. Toda a população passou então a sofrer com o racionamento em todos os bairros.

Assim, de acordo com as estimativas do IBGE, Parauapebas teria um contingente populacional de aproximadamente 88.519 habitantes em 2004, mas nesse mesmo ano falava-se numa população na casa dos 110 mil habitantes, o que pode com certeza aumentar o número de atendimento de água pelo sistema, podendo chegar à casa dos quase 25% a mais da capacidade do sistema de abastecimento de água.

b) Rede de abastecimento de água
A rede principal de adução, que parte do reservatório do bairro Bela Vista e tem uma extensão de 476 metros e diâmetro de 600 mm, foi construída na época em fibra de vidro, material este que nesse período no Brasil estava em fase de teste, e que foi instalada aqui em Parauapebas se rompe constantemente.

Esse tipo de tubulação é resistente a pressões internas (de dentro para fora). Com o problema do desabastecimento de água na cidade, a rede de adução acaba se esvaziando muitas vezes ao dia, e a pressão externa (de fora para dentro) aumenta substancialmente, ocasionando a movimentação da tubulação, provocando tensões indesejadas e diminuindo a resistência mecânica da tubulação levando a ruptura.

Somente nesses últimos anos, a tubulação de fibra de vidro se rompeu 12 vezes. Numa das últimas vezes, quando a rede se rompeu na Rua Santa Helena com Dom Pedro I, a cidade ficou sem água por quatro dias, pela dificuldade de fazer os reparos e encontrar conexões, pois as outras adutoras que são interligadas à de fibra de vidro são de ferro fundido, dificultando a junção.

Uma maneira encontrada para tentar solucionar este problema em curto prazo, sem que precise fazer a substituição da adutora de imediato (ferro fundido), foi fazer manobras (abertura e fechamento em horários programados) nos registros das adutoras secundárias (500 mm a 300 mm), onde são fechados os quatro registros principais que alimentam os quatros núcleos da cidade, deixando assim a rede principal de adução (que é de fibra de vidro) sempre cheia, ou seja, com pressão positiva, minimizando os riscos de rompimento. (continua)

Um comentário:

Anônimo disse...

Ultimamente tem faltado água com frequência. Tenho meu reservatório "caixa-dágua" de 1500 Lt, em casa, mas este não tem sido suficiente para suportar os grandes intervalos de "registros fechados". O que está acontecendo de fato. É de fato problema na rede ou alguma sabotagem em época política?