CRÔNICAS DO PC
Foi muito triste o dia da morte do empresário João Alfredo. Comoveu toda população da cidade onde residia, por ser um cidadão querido e prestativo. O choramingo foi geral, com lágrimas derramadas por muita gente. Um maior pranto, evidentemente demonstrado por sua mulher Neusa, que, desesperada, não arredava de perto do caixão, abraçada ao corpo frio do esposo querido, sem querer acreditar na fatalidade de uma morte súbita em uma pessoa jovial de 38 anos.
O baque para Neusa foi terrível. Prostrou-se, sofrendo pela dor sentida diante de irreparável perda. Definhou por longo período, descuidando-se do corpo.
Foi difícil, mas com o passar dos dias, dos meses, dos anos, Neusa foi se conformando, preservando com respeito à memória do falecido, que lhe deixou muitos bens e bastante dinheiro como herança. Tinha o futuro garantido, sem problemas financeiros.
Chegou o dia em que a mãe dela quis ajudar, chamando a atenção pela continuação da vida, ela que ainda não tinha 35 anos. Viúva, sim! Morta, não!
“Morreu o homem, viva o homem”, disse cantando, parodiando uma frase citada na antiga Roma.
Neusa acordou para a realidade. Observou que era ainda nova e não podia se entregar. E resolveu voltar a viver. Primeiro, fez uma autocrítica estética de seu corpo. Não podia esconder. Estava péssima. Pomas caídas, face envelhecida, cheia de manchas, estrias da cintura para baixo, barriga carregada de banha, formando volume, bumbum flácido, enrugando por celulite. Considerou-se deformada, precisando passar por correções cirúrgicas.
Primeira providência foi marcar consulta com o famosíssimo cirurgião plástico, Ivo Pitangui. Já esperava o resultado. Teria de submeter-se a difíceis modelações corporais. Começaram pela face, de onde lhe tiraram manchas e rugas, em raspagens cirúrgicas. Depois vieram os seios e o bumbum, modelados com silicone. Na barriga, uma lipoaspiração deixou tudo nos conforme. Para completar, quis fazer uma plástica de períneo, até exigindo o implante de hímen, não dando certo por absoluta falta de doadoras perfeitas. Explica-se: dos cadáveres femininos disponíveis, a pureza já era. Virgindade passou a ser sinônimo de brega, e terminou desistindo. Mesmo assim, sentiu a sensação de ter ficado quase virgem.
A transformação ficou à vista. Corpo perfeito da cabeça aos pés. Cara jovem, seios empinados, duros e pontiagudos; bumbum naquela forma de chamar a atenção. Sabe como é...! Saliente e bem durinho, encaixando-se perfeitamente dentro de qualquer roupa justinha. Só teve um problema: ficara mais pesada seis quilos, atribuídos ao material postiço implantado.
Neusa sentiu-se outra mulher, voltando a uma vida normal de autêntica socialite. Freqüentava os ambientes das beldades ricas e chiques, fazendo parte daquele grupo seleto de colunáveis. Mulheres assim têm mais oportunidades que as outras. Não demorou e encontrou um namorado, rapaz rico e vistoso, natural de Teerã, capital do Irã, e que estava no Brasil em trabalho diplomático, encarregado de conquistar a simpatia de governos estrangeiros para o programa nuclear de seu país, com propósito de fabricar algumas bombinhas nucleares, visando a destruição de Israel, que nunca admitiram como nação livre.
Não demorou e Neusa aceitou proposta de casamento. Para se casar teve de concordar residir em Teerã e se submeter às leis mulçumanas, obrigando-a a andar usando véu e vestida de xador (túnica negra que cobre completamente o corpo feminino).
Nunca mais pôde mostrar em público seus dotes artificiais do seu belo corpo moldado por dr. Ivo Pitangui.
Pedro Cláudio de Moura Reis (PC)
E-mail: pcmourareis@yahoo.com.br
sábado, 23 de agosto de 2008
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