* Nilson Mourão - Aos 81 anos, Fidel Castro, em artigo escrito para o jornal Granma, reconhece que não tem mais saúde para continuar governando a Ilha. "Trairia minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total quando não estou em condições físicas de oferecer isso", teria declarado o comandante.
Em longos anos de luta política, inclusive liderando a guerrilha, Fidel conseguiu libertar Cuba da exploração norte-americana que a havia transformado num cassino e num bordel. Feita a revolução vieram as transformações, mas também a reação interna e o confronto permanente com o imperialismo. Mesmo sendo submetido a um injusto e brutal bloqueio econômico, acompanhado de ameaças permanentes de invasão, Fidel realizou grandes conquistas nas áreas da educação, da saúde, da segurança alimentar e do trabalho para todos. Na ilha de 11 milhões de habitantes, a poucas milhas da Flórida, nenhuma criança morre de fome, e as desigualdades sociais são severamente combatidas.
Estive em Cuba uma única vez e por pouco tempo. Mas o suficiente para perceber que os cubanos, apesar de uma vida modesta, às vezes até austera, conseguem construir uma sociedade mais justa e solidária. Impressiona o nível de organização e politização do povo. E foi isso que garantiu a continuidade dessa experiência histórica, única em nosso continente, capaz de superar grandes crises, como as tentativas de invasão e o esforço fenomenal que foi feito por ocasião da desintegração da antiga União Soviética. Naquele momento, alguns vaticinaram que Cuba cairia como um castelo de cartas, a exemplo dos países socialistas do leste europeu.
Fidel e seu povo resistiram heroicamente. Creio mesmo que superaram a crise. Cuba hoje apresenta um excelente crescimento de sua economia, embora os desafios continuem. O heroísmo de Fidel consistiu em conduzir o seu povo desde 1959 até hoje. Passou o bastão sem crises políticas e sem contestações. Agora assume uma nova geração, que certamente promoverá novas mudanças, e Cuba continuará o seu caminho como sociedade socialista.
A luta de Fidel, contra o imperialismo e pela construção de uma sociedade que combata as desigualdades e a exploração por um mundo mais solidário, continuará. A soberania de Cuba, que repousa na organização popular, grande legado de Fidel, continuará sendo defendida com bravura pelo admirável povo cubano.
* Deputado federal (PT-AC)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
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