CRÔNICAS DO PC
Gosto de conversar, ler e escrever a respeito do amor. É emocionante conhecer pessoa que diz amar e ser amada. Garanto. É viver diferente, com mais motivação de continuar a caminhada, porque tudo que existe pela frente se lhe apresenta diferente. É aquela visão do positivo, do belo, do atraente, do gostoso. E haja felicidade em tudo isso!
Estou falando no assunto, porque quero contar uma história linda, de um grande amor. Embora com passagens dolorosas, sofridas, sensibilizantes, não deixa de ser linda. Envolve duas pessoas que nasceram um para o outro, tanto na alegria, na tristeza, nos momentos fáceis, nos momentos difíceis. São simples, bondosos e honestos. Chegaram aos 32 anos, e desde aos 20 se conheceram. Foi amor à primeira vista, completando doze anos de feliz convivência. Vale a pena contar. Aconteceu desta maneira.
Um dia, na universidade, Ruthe e Augusto se encontraram. Estudavam Direito. A reciprocidade da atração foi imediata. Deram-se bem e começaram a namorar. Antes de terminar o curso, casaram-se. Os dois viveram oito anos seguidos de vidas felizes, acompanhadas de grande amor. Da união nasceu um filho, aumentando mais ainda o bem-querer de cada um.
Profissionalmente, também iam bem, trabalhando associados numa banca de advocacia. Dado a dedicação pelo trabalho, ganharam nome e prestígio. Ficaram conhecidos como excelentes advogados. Ruthe especializou-se em direito da família. Augusto, em sociedade anônima, abrangendo outras áreas do direito comercial. Resolvia problemas de algumas empresas localizadas no Norte e Nordeste.
Certo dia, Augusto, viajando entre Belém e Recife, sentiu-se mal dentro do avião. Foi internado às preces. Depois de passar por muitos exames, seu mal foi diagnosticado. E o pior: era grave e irreversível. Tratava-se de “esclerose múltipla”, doença neurológica rara, principalmente no sexo masculino, que lhe afetou a mobilidade, ficando sem condições de exercer qualquer atividade. E prostrou-se, definitivamente.
Não fosse o grande amor de Ruthe, ele teria chegado ao fim. Se assim não aconteceu, deveu-se à dedicação da companheira, que, entendendo a situação, procurou ajudar. Não deixaram de exercer a advocacia, só que agora faziam com menos intensidade.
Como não podia mover os membros superiores e inferiores, dentre os quais os dedos, Augusto, que continuava com o funcionamento cerebral normal, ditava para Ruthe escrever o conteúdo dos processos de sua responsabilidade. Nas audiências em juízo, a mulher o representava com procuração substabelecida.
O que mais me fez admirá-los é não reclamarem de nada, principalmente ele, que aceita a situação resignadamente, sabendo que para seu mal não existe solução. A força de apoio, de amor, de carinho, que Ruthe transmite, é tão forte, positiva, que Augusto sem revelar o mínimo pesar afirma sem exaspero: “O mundo é assim, cheio de surpresas agradáveis e desagradáveis. Por que desesperar, quando acontece o fatídico? Temos de ter conformação e aceitar o infortúnio, continuando vivendo conforme as possibilidades físicas”.
É a força do amor, que faz Augusto e Ruthe um casal feliz.
Pedro Cláudio de Moura Reis (PC) / E-mail: pcmourareis@yahoo.com.br
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
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