CRÔNICAS DO PC
É muito bonito o exemplo de um casal unido, cheio de amor. Serve até de lição para outras pessoas habitantes nas terras desse mundão cheio de confusão e ridicularias. Conheço vários amigos que vivem em felicidade completa, unidos há muitos anos, que continuam namorando como se fossem jovens adolescentes. É difícil de ver, mas ainda existem esses tipos românticos.
Por outro lado, há muita gente que tem satisfação de estar do lado inverso, fazendo da vida uma espécie de mexido de componentes indigestos, demonstrando às vistas de amigos, parentes e vizinhos um modo diferente de viver maravilhosamente, e por trás agindo de outra maneira, deixando muito a desejar. São tipos que podemos compará-los a um Tartufa, aquele personagem famoso da comédia de Moliére, representado igual a um devoto falso.
Vem a ser o caso de Romeu e Maria do Carmo, residentes em uma cidade localizada em qualquer lugar deste imenso Brasil. Quem os vê pensa tratar-se de dois pombinhos vivendo o maior amor do mundo, pela maneira de se apresentarem, sempre unidos e trocando afagos.
Há pouco tempo fizeram um acordo interessante entre eles, que jamais vou entender os motivos de tal procedimento. Veja por que. Firmaram um compromisso legal de papel passado de teúdo e manteúdo, sem nunca se casarem ou assumirem uma condição de vida a dois.
Acham que devem namorar cada um para o seu lado, tendo responsabilidades de segurança material, até haver um entendimento seguro a fim de nunca lhes trazer maiores aborrecimentos. Dentro dos ajustes acertaram a liberdade de procedimentos, sem mais satisfações. E haja deslizes de ambas as partes.
Acho que eles, por serem considerados gente de letras, adotaram um sistema próprio de vida pessoal, tendo muito a ver com os princípios do epicurismo, aquela doutrina do filósofo grego Epicuro, “segundo a qual a felicidade consiste em assegurar-se de satisfações, sensualidade e prazeres”.
“Cada pessoa tem o direito de escolher as maneiras de viver, contanto que não haja transgressões”, disseram-me eles numa noite. A experiência que passam servirá de exemplo para que um dia possam julgar, se assim pode-se viver tranqüilo.
Pois é, Romeu e Maria do Carmo fazem parte daquele grupo social mais destacado, os chamados chiques. Estão em todas. Presentes a casamentos badalados, batizados de filho de rico, festa de debutantes, missa das 19 horas e freqüentando os melhores restaurantes e churrascarias da cidade.
Fui testemunha de um desfecho gozado, quando participava de um coquetel em companhia dos dois. Estávamos nós três sentados à mesa, quando Maria do Carmo pediu a Romeu que fielmente me mostrasse sua realidade de verdadeiros amantes esplêndidos.
Ele imaginou um pouco e saiu com uns versos de uma antiga canção despeitada, só para chatear:
O nosso amor é tão bonito
Ela finge que me ama,
E eu finjo
Que acredito.
Fiquei decepcionado com os dois. Minha filosofia de vida é diferente. Acredito no amor verdadeiro, dedicado, respeitoso. E reciprocidade de sentimentos.
Pedro Cláudio de Moura Reis (PC) / E-mail: pcmourareis@yahoo.com.br
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
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