A campanha "A Vale é Nossa", pela nulidade da venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), ganha intensidade a partir deste sábado (1º), quando começa o plebiscito popular em todo o país para apurar a opinião da população brasileira sobre a privatização da empresa ocorrida em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso.
As urnas vão estar dispostas em todo o país até o dia 9, espalhadas por movimentos sociais, sindicais e religiosos. "O movimento é importante, pois ajuda a esclarecer como foi esse crime contra o patrimônio público bem como a acelerar as ações na Justiça contra a entrega da empresa feita durante o governo tucano-pefelista de FHC", afirmou o deputado federal Pedro Wilson (PT-GO).
Para os petistas, o leilão da Vale constituiu um dos maiores escândalos do governo FHC. Segundo juristas, houve várias irregularidades, entre elas o vínculo entre avaliadores e arrematantes; participação direta de avaliador, sonegação de documento em língua inglesa; e oferta no edital de venda de cláusula de irrevogabilidade e irretratabilidade para atividades dependentes de concessão governamental.
Pedro Wilson lembrou que a empresa foi vendida por R$ 3,3 bilhões, mas tinha em caixa R$ 700 milhões. A "compra" da empresa ainda foi financiada pelo BNDES. O pior, acrescentou o parlamentar, é que à época, no Japão e Europa, avaliava-se que o preço mínimo da Vale seria entre U$ 30 bilhões e U$ 40 bilhões.
A avaliação de outros auditores privados e de funcionários do próprio governo federal dava conta de que a estatal valia muito mais, pelo menos R$ 93 bilhões, ainda assim um valor abaixo do real. Por causa de irregularidades como esta, há várias ações na Justiça contra Fernando Henrique Cardoso e seus ministros.
A expectativa do deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) é de que ampla mobilização nacional no transcorrer do plebiscito impulsione a Justiça a tomar decisões mais rápidas. "Os brasileiros deverão confirmar sua posição contrária à privatização como um todo e da Vale em particular, já que a empresa, construída ao longo de 50 anos por todos os brasileiros, foi liquidada em nome de uma política danosa de redução do papel do Estado", comentou Abicalil.
Para se ter uma idéia da extensão do que foi o escândalo, basta mostrar os lucros da empresa, observou Pedro Wilson. "Nos últimos 18 meses, o lucro foi de quase R$ 20 bilhões". Mas, como observou o parlamentar petista, a questão é muito mais complexa. Uma empresa que era 100% nacional foi leiloada por um preço irrisório a grandes grupos, muitos deles estrangeiros.
"Isso, por si só, foi uma violência contra a soberania nacional, pois nenhum país do mundo pode ter seu subsolo cedido a estrangeiros da forma que empreendeu FHC", lamentou Carlos Abicalil.
O plebiscito sobre a privatização que completa dez anos em 2007 inclui também outras questões como o problema da energia elétrica, a reforma da Previdência, as dívidas interna e externa e a transposição do rio São Francisco. Mas a privatização da Vale é o carro-chefe do plebiscito.
sábado, 1 de setembro de 2007
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