Em 2008, deverá entrar em vigor o acordo ortográfico da Língua Portuguesa, que vai modificar a grafia de diversas palavras, eliminando o trema, retirando diversos acentos e acrescentando três letras ao alfabeto: k, w e y.
Acordado há três anos entre alguns países lusófonos, o acordo com as novas regras, surpreendentemente, ainda não recebeu a assinatura de Portugal, país-mater da língua.
A idéia das mudanças é simplificar a grafia das palavras, o que tornaria o Português mais objetivo e melhoraria o intercâmbio cultural entre os países. As transformações parecem poucas, mas são significativas.
Além do aumento do alfabeto, que passa a ter 26 letras em vez de 23, o trema vai desaparecer. Portanto, não se escreverá mais “seqüestro”, e sim “sequestro”. As paroxítonas vão perder acentos. O hiato “ôo” vai se transformar em “oo”, ou seja, “enjôo” se escreverá “enjoo”. O acento agudo dos ditongos abertos “éi” e “ói” igualmente não existirão mais. Assim, “bóia” se escreverá “boia”. Outra transformação: o “êem” vai sumir. Em vez de “lêem” será “leem”.
Os acentos diferenciais, que segundo a professora e colunista do Correio Braziliense, Dad Squarisi, deveriam ter desaparecido na reforma ocorrida em 1971, desta vez não escaparam. Sendo assim, péla, pélo, pêlo, pólo, pára, pêra somem de vez. O mesmo acontece com os acentos das palavras “averigúe”, “apazigúe” e “argúem”, que caem em desuso.
Atualmente, o Português é falado por aproximadamente 230 milhões de pessoas que habitam Brasil, Portugal, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Por aqui, o MEC já prepara a licitação para a troca dos livros didáticos no ano que vem.
Para o professor do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão e integrante da equipe do projeto Atlas Lingüístico do Maranhão (Alima), José de Ribamar Mendes Bezerra, o tempo de efetivação das mudanças vai depender da forma como a população vai assimilá-las.
Outra questão é que as transformações não significam a uniformização da forma de falar o Português. “As variações e diferenças da maneira de tratar a Língua Portuguesa vão ocorrer sempre”, enfatizou.
Ele também comentou que a não-assinatura das mudanças das regras gramaticais por Portugal não será algo significativo na prática, porque em termos econômicos e geográficos o Brasil é mais importante. “Isso não afetará o desenvolvimento do projeto de reforma da língua”, concluiu.
Já o ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou na última terça-feira (4) não acreditar que a reforma ortográfica da Língua Portuguesa saia no ano que vem.
“Provavelmente, a reforma não sairá em janeiro, a menos que Celso Amorim (ministro das Relações Exteriores) tenha informações que eu ainda não disponho. A idéia é conversar com Portugal até o final do ano para estabelecer a data”, ressaltou Haddad.
A CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa) havia definido que quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia ser vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro. Mas a reforma ainda não está consolidada. (Eduardo Júlio, de O Imparcial)
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
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