terça-feira, 11 de setembro de 2018

Código do Consumidor comemora nesta terça 28 anos de criação

Com o intuito de proteger o consumidor de eventuais abusos de fornecedores, em 11 de setembro de 1990 entrou em vigor a Lei nº 8.078/90, que criou o Código de Defesa do Consumidor. A legislação, que completa 28 anos nesta terça-feira (11), foi um marco para regulamentar as relações de consumo no Brasil.
De acordo com Moysés Bendahan, diretor geral do Procon do Estado do Pará, a lei vem se aperfeiçoando ao longo desse tempo. “É uma lei muito boa, de fácil entendimento, porém precisa ser atualizada conforme as nossas regras de consumo vão mudando. Já tivemos algumas mudanças com relação à internet e também recentemente à proteção de dados, que é algo importantíssimo”, pontua. 
De janeiro a 10 de setembro deste ano, foram registrados no Pará 11.676 atendimentos iniciais no Procon, além das denúncias e audiências. No mesmo período do ano passado, 2017, foram feitos 12.794 atendimentos iniciais na sede e polos de atendimento do estado.
Entre os serviços que lideram o ranking de reclamações dos paraenses estão energia elétrica, onde o Pará é, inclusive, campeão no Brasil neste segmento; telefonia; e serviços financeiros, como bancos, cartões de créditos e consignados.
“Temos visto uma grande preocupação por parte das empresas em resolver essas demandas antes de chegar ao Procon, pois caso não haja acordo segue para audiências, o que traz um custo a mais para a empresa. Outra possível justificativa é que muitas vezes o brasileiro ‘deixa pra lá’. É o que não recomendo pra ninguém. Temos que fazer valer o nosso direito, independente do valor”, opina Moysés Bendahan. 
Retrocessos
Mas há também desafios pela frente. Alguns exemplos são os retrocessos, como a cobrança de bagagem despachadas nos aeroportos e marcação de assentos, além das seguidas tentativas das operadoras dos planos de saúde para restringir direitos nos contratos com convênios médicos, entre outros.
“É preciso que os órgãos de proteção do consumidor sejam ouvidos, em especial pelo Congresso, para que as alterações na lei sejam feitas de acordo com a nossa recomendação e não por interesses envolvidos”, afirma o diretor do Procon. 
Segundo ele, todos os órgãos de proteção são contra, por exemplo, a cobrança da bagagem, autorizada pela resolução 400 da Anac. “Batalhamos no Congresso para que essa norma seja retirada, mas não estamos conseguindo”, informa.
Outra dificuldade é com relação ao número de servidores. Segundo o diretor, são apenas seis fiscais para atender às demandas de todo o estado. “Mesmo assim, cobrimos cerca de 100 municípios por ano”, comemora Moysés. O diretor orienta ainda que as pessoas sejam os próprios fiscais, por meio das denúncias. “Se cada um fizer sua parte, podemos fazer esses fiscais renderem 20 vezes mais, indo no lugar certo, sabendo o que eles vão procurar”, incentiva. 
Futuro 
Para o diretor, há uma necessidade do órgão se tornar uma autarquia. “Todos os dias temos uma nova portaria, nota técnica, uma nova lei no país, que atinge o consumidor. Então precisamos de mobilidade administrativa financeira para conseguir acompanhar tudo isso. Precisamos de independência pelo menos no seu quadro funcional, seu próprio orçamento, pois, por exemplo, muitas vezes dependemos até do papel para usar no dia a dia”, argumenta Moysés Bendahan.
O Procon conta com polos de atendimento em Belém, Ananindeua, Marituba, Marabá, Santarém e Parauapebas. De acordo com o diretor, o órgão está aberto a novas parcerias com outros municípios. “Podemos aumentar bastante essa abrangência, desde que as prefeituras queiram fazer parceria, pois não temos pessoal para abrir esses polos. Oferecemos todo o treinamento, suporte, mas precisamos que esses gestores deem valor para a defesa do consumidor”, destaca o diretor. (Fonte: ORM)

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