terça-feira, 17 de março de 2009

Hospital Bettin atende 112 famílias com filhos autistas



Um estudo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, publicado em 2007, por meio do Projeto Autismo, revela que no Brasil, país com uma população de cerca de 190 milhões, possua aproximadamente 1 milhão de casos de autismo, o que é um grande alerta para as autoridades de saúde pública no Brasil.

De acordo com a médica pediatra Amira Figueiras, do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, de Belém, o autismo é uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa se comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente.

“Atendemos no hospital, por meio do projeto Crescimento e Desenvolvimento Infantil - Caminhar, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de trabalharmos com os médicos residentes da área, 112 famílias de várias regiões do Pará com filhos autistas”, esclarece Amira Figueiras.

Segundo a médica, algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e falas intactas. Outras apresentam também déficit mental, mutismo ou profundas dificuldades no desenvolvimento da linguagem.

“Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Trabalhamos com todo o carinho e amor, além de implementar sempre um olhar holístico para a família e não somente para o filho ou filha autista”, exemplifica.

Dados do Centro de Estudos do Genoma Humano caracterizam o autismo por uma tríade de anomalias comportamentais: limitação ou ausência de comunicação verbal, falta de interação social e padrões de comportamento restritos, estereotipados e ritualizados.

A manifestação dos sintomas ocorre antes dos três anos de idade e persiste durante a vida adulta. A incidência do autismo é de cinco a cada 1.000 crianças, sendo mais comum no sexo masculino, na razão de quatro homens para cada mulher afetada.

Segundo Amira, o aumento dos casos de autismo no Brasil tem sido relatado por instituições ligadas ao atendimento de famílias de crianças em todas as regiões brasileiras.

“No hospital foi constituído, há mais de 15 anos, uma equipe de profissionais para estudar a síndrome e promover um intercâmbio de informações em rede visando aprimorar os serviços no Pará”, informa.

Para a médica, “como o hospital é uma referência na região, as demandas continuam chegando e precisamos dar respostas à sociedade. A expectativa é investir na ampliação dos espaços físicos na instituição, uma vez que na área de diagnóstico e suporte clínico já temos avanços considerados e referenciados. É um desafio ampliarmos também o serviço com novas terapias para o atendimento às famílias e os filhos autistas. Isso contribuirá para melhorar o comportamento do paciente, a interação social e familiar”, observa.

A usuária Kely Clodovil é moradora do bairro Icuí, em Ananindeua, porém fica hospedada no bairro do Curió, em Belém, por ser mais perto do Hospital Bettina. Ela veio pela primeira vez para fazer avaliação do filho de cinco anos, Samuel Vinícius Clodovil.

“Antes eu freqüentava a Coordenadoria de Educação Especial (COES), da Secretaria de Educação (Seduc), e o Hospital Alcindo Cacela. Depois, me encaminharam para o hospital. Agora vou fazer a avaliação se é autista ou não. Eu queria muito reduzir o volume dos gritos dele. Todos falaram bem do Bettina. A minha expectativa é positiva”, acentua Kely Clodovil. (Suanny Lopes)

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