Divo Ferreira, principal acusado de ter realizado o
disparo que matou o trabalhador rural Welbert Cabral Costa, foi preso na última
segunda-feira (2), após se entregar à delegacia da Polícia Civil em São Félix
do Xingu, no sul do Pará (PA).
Acompanhado de um advogado, o suspeito se apresentou
às autoridades com um revólver calibre 38, mesma arma que teria sido usada para
assassinar a vítima na portaria da Fazenda Vale do Triunfo, situada na zona
rural da região. A área é de propriedade da Agropecuária Santa Bárbara, empresa
ligada ao Grupo Opportunity, que tem entre os acionistas o banqueiro Daniel
Dantas.
Para o delegado Lenildo Mendes dos Santos,
responsável por investigar o caso, Divo Ferreira se entregou após as buscas e
as investigações terem se intensificado. “Após perceber o cerco da Polícia
Civil se fechando, o foragido não aguentou a pressão e se apresentou com o
advogado”, afirma. O cúmplice do acusado de ter feito o disparo, Maciel
Nascimento, porém, continua foragido. A expectativa dos policiais é de que ele
seja detido nos próximos dias. Assim como Welbert, ambos os suspeitos eram
funcionários da Agropecuária Santa Bárbara. Os dois tinham mandado de prisão
expedido pela Justiça.
Os policiais suspeitam ainda da possibilidade de
envolvimento no assassinato do trabalhador rural de funcionários de alto
escalão da Agropecuária Santa Bárbara. No início das investigações, o delegado
Lenildo referendou a hipótese. “Imaginamos que os mandantes podem ser pessoas
de alto escalão”, disse.
Welbert Costa estava desaparecido desde o dia 24 de
julho, quando teria sido assassinado depois de reclamar direitos trabalhistas
em frente à Fazenda Vale do Triunfo, onde trabalhara. Ele havia se afastado do
serviço devido a um acidente, e, segundo o depoimento de familiares da vítima à
polícia, não teria recebido um valor de R$ 18 mil referente a indenizações
trabalhistas. O trabalhador rural, naquele dia, teria ido à propriedade da
Agropecuária Santa Bárbara para cobrar esse dinheiro. Com a entrada barrada na
porteira da área, após uma longa discussão, Divo Ferreira teria aparecido na
companhia de Maciel Nascimento, executado o trabalhador com um tiro na nuca e,
depois, tentado esconder o cadáver em meio ao matagal da região. Segundo a empresa,
Welbert estaria com contrato suspenso e recebendo a remuneração pelo INSS, bem
como já teria tido integralmente quitada qualquer pendência financeira.
A própria família da vítima iniciou as primeiras
investigações sobre o assassinato, ao notar a falta do trabalhador, que deveria
estar de volta em casa no dia seguinte, 25 de julho, e abriu um boletim de
ocorrência.
Após a denúncia do crime por parte de organizações e
movimentos sociais da região, as autoridades policiais intensificaram a
apuração do caso. Há cerca de duas semanas, em 22 de agosto, a Equipe Caveira,
da Polícia Civil, encontrou os restos mortais da vítima, enquanto seguia atrás
dos responsáveis. O corpo de Welbert foi reconhecido pelo irmão. Por estar
amarrado, levantou-se a suspeita de que o cadáver teria sido deslocado após o
caso ter ganho repercussão.
Em nota, a Agropecuária Santa Bárbara alega que “não
tem qualquer ligação com o caso e tem interesse de que os fatos sejam
esclarecidos na maior brevidade possível”. A empresa também diz que “não
coaduna, não avaliza, não acoberta e não aprova qualquer atitude ilícita” e que
“colaborou, está colaborando e continua à disposição das autoridades
policiais”. (Guilherme Zocchio/Stefano
Wrobleski/Blog do Sakamoto/Repórter Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário