Fotos: Rosiere Morais
O programa Brasil Alfabetizar realizou a formatura de 697 alunos nos dias 14, 15 e 16 do corrente, nas escolas Domingos Cardoso, Antônio Matos e no Centro Integrado da Melhor Idade (Cimi), em Parauapebas.
O evento, que é a culminância dos oito meses de estudos dos alunos, celebra o fim do analfabetismo para centenas de pessoas que, independente da idade, acreditaram que sempre é tempo de aprender. “Voltei a estudar porque tenho sonhos, e enquanto eu sonhar é porque estou vivo”, ressaltou Antônio de Souza.
O curso é uma lição de vida para quem aprende e para quem ensina, uma vez que oferece oportunidade de estudo a quem não a teve, garantindo cidadania e dignidade.
No processo de alfabetização, são utilizados recursos linguísticos e a função social da leitura e escrita, voltada para a formação do sujeito como cidadão participativo do contexto social.
“Temos aqui alunos de 15 a 82 anos, e essa diferença de idade traz consigo uma gama de conhecimento, porque se tem em um único espaço centenas de experiências de vidas que se completam e se fundem”, disse Tereza Cristina, diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Para Tereza Cristina, o Brasil Alfabetizado é o início do resgate da cidadania.
De acordo com Delma Alves, coordenadora pedagógica do Departamento de Educação de Jovens e Adultos (Deja) da Semed, a alfabetização é apenas o início da caminhada, pois o município possui outros projetos de educação para que o aluno possa dar continuidade ao estudo.
“É um grande desafio para toda a rede de educação ingressar no ensino pessoas que nunca frequentaram a sala de aula e, mais que um desafio, é um orgulho e uma alegria muito grande a conquista desse objetivo”, destaca a coordenadora.
Segundo Juscineide Almeida, gestora do programa, o Brasil Alfabetizado é apenas a primeira porta rumo ao saber. “A casa que tem essa porta do saber possui outras que estão esperando para ser abertas”, diz ela.
Juscineide enfatiza que o dia da conclusão do processo de alfabetização é um dia de alegria e comoção, pois faz pulsar os sentimentos que movem a profissão de educador, amor à educação e ao se humano.
Falta de oportunidade
Quantos professores, médicos e engenheiros deixam de se formar todos os anos devido à falta de oportunidade? Quantos profissionais competentes o mercado de trabalho e a sociedade perdem todos os anos? Milhares, milhões, pois quando privamos alguém de seus sonhos não é apenas ele que perde com isso.
Por isso, os projetos de alfabetização devem ser cada vez mais difundidos para que os excelentes profissionais que não se formaram “ontem” possam “hoje” resgatar o tempo pedido. Pois, como disse Paulo Freire, “para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma chaga, nem uma erva daninha a ser erradicada, nem tampouco uma enfermidade, mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta. Ninguém é analfabeto por eleição, mas como consequência das condições objetivas em que se encontra. Em certas circunstâncias, o analfabeto é o homem que não necessita ler; em outras, é aquele ou aquela a quem foi negado o direito de ler”.
Mas não basta apenas alfabetizar as pessoas. É preciso que se dê um salto de qualidade da educação, em todos os seus âmbitos, para realmente possuirmos uma sociedade justa e mais humana. (Rosiere Morais)