sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Estado de Carajás


Deputado diz não ter medo da reação negativa do eleitorado diante da proposta separatista
O deputado federal Giovanni Queiroz, do PDT paraense, diz não ter medo da reação negativa do eleitorado diante da proposta separatista. Mas não revela se será candidato a governador do Carajás, unidade federativa que ele pretende que surja a partir de 38 municípios das regiões sul e sudeste do estado, depois do plebiscito que tramita no Congresso Nacional.
Mineiro de Campina Verde, 61 anos, Giovanni iniciou a carreira política como prefeito de Conceição do Araguaia, em 1977, e na eleição proporcional do ano passado chegou ao quarto mandato de deputado federal com 52.860 votos pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Pará, depois de ter ficado longe do Congresso Nacional por sete anos.
Médico por formação e agropecuarista, o parlamentar, propositor do projeto de lei para aplicar o plebiscito que pode criar o Estado do Carajás nas regiões sul e sudeste paraense, diz não temer a reação negativa do eleitorado que o elegeu no estado que agora ele quer dividir.
“Esta preocupação não passa pela minha cabeça. É um risco que corremos quando optamos por determinadas posturas. É preciso ter coragem para defender a proposta de divisão”, comenta.
Mesmo com a agenda apertada, com uma série de compromissos parlamentares, Queiroz fez questão de retornar a ligação da reportagem para falar sobre seu projeto de dividir o Pará. Uma demonstração de que o tema é prioridade de seu mandato.
Ele está convicto de que repartir o território paraense será o princípio de um grande salto de desenvolvimento, uma nova era em que a população terá acesso aos serviços públicos e o setor produtivo ganhará mais força, gerando mais riquezas, mais empregos, melhor distribuição de renda.
Giovanni Queiroz diz que o desenvolvimento será mais fácil com a divisão, pois com uma área territorial menor o gerenciamento de problemas se tornaria uma tarefa, naturalmente, mais simples.
O parlamentar defende ainda que a nova geopolítica pode contribuir para fortalecer a região diante dos debates políticos, sobretudo, em torno da captação de recursos federais, no Congresso Nacional.
“De três senadores, teríamos nove representantes no Senado. E de 17 deputados federais passaríamos a 30, ganhando força política no país”, argumenta o deputado, sem mencionar, porém, que em Brasília a prática demonstra que os parlamentares dificilmente se reúnem para conseguir verbas para beneficiar uma região. Ao contrário, lutam para atrair recursos para os territórios de suas bases eleitorais.
Na França, assinala, país com 547 mil quilômetros quadrados e uma população estimada em 65 milhões de habitantes, há 96 áreas equivalentes a estados na divisão política e administrativa brasileira, e 18 mil municípios.
“Defendo a redivisão geopolítica do Brasil desde que iniciei minha carreira política. É uma vergonha em comparação com outros países do mundo”, reclama o parlamentar.
Queiroz cita ainda a decisão portuguesa do último dia 10 de setembro para revisar a distribuição dos 18 estados do país e também a quantidade de estados da Argentina e do Chile, maior do que em nosso país, embora ambos tenham dimensões muito menores.
Na defesa da separação, o parlamentar mira o exemplo interno do Tocantins. Ele diz que o estado nascido em 1988, com a divisão de Goiás, hoje em dia é um modelo de desenvolvimento, com estradas em boas condições para escoar a produção, 18 hospitais para atender a população e economicamente forte.
“Mantendo o Pará inteiro, todos perdem. Estamos vivendo em um estado mediocremente atrasado. A divisão é o caminho mais rápido para o desenvolvimento”, argumenta Giovanni Queiroz.

2 comentários:

Anônimo disse...

Apoio os argumentos do Giovanni Queiroz, dividir para multiplicar. Estive em Belém a poucos dias e o discurso lá é outro, ninguém apoia a separação, creio que por acharem que a região metropolitana irá perder 'receita'. Mas com certeza será melhor para o estado do Pará (futuro) pois o governo não terá a velha desculpa de ser um estado Continental.... Thiago Albuquerque

Anônimo disse...

Residi no Pará por 15 anos. Em função de minha atividade profissional de então tive oportunidade de viajar por toda a vasta extensão do Estado e tive oportunidae de constatar as disparidades sociais, principalmente nas regiões mais distantes da Capital. Assim, concordo com a divisão pois que certamente, a Amazônia Legal será mais extensa e com condições de melhoria de vida para os Amazônidas que vivem por essa enorme região. No Pará há municípios que, por si só, poderiam ser um estado, por exemplo, Itaituba, o maior município a nivel mundial.