A chupeta, pacificadora para alguns, artigo usado
por mães preguiçosas para outros, é um assunto polêmico entre mães, pediatras e
ortodontistas. Há mais de 30 anos, o consenso científico internacional
reconhece os bicos artificiais como responsáveis por alterações no
desenvolvimento global da criança e na qualidade de vida.
Um estudo realizado pela fonoaudióloga Gabriela
Buccini buscou explorar os determinantes do uso de chupeta e mamadeira em
crianças menores de um ano nas capitais brasileiras e no Distrito Federal. Os
determinantes são fatores que se associam ao maior uso dos utensílios
pesquisados.
A pesquisa descobriu que a prática de mamar na
primeira hora de vida está fortemente associada à redução do uso de utensílios
como chupeta e mamadeira ao longo da infância. O nascimento em Hospital Amigo
da Criança e o acompanhamento na rede básica do SUS foram fatores que também
influenciaram o menor uso dos chamados “bicos artificiais”.
Segundo a pesquisadora, o estudo se voltou para o
uso de chupeta e mamadeira devido às consequências que essa prática traz para a
saúde da criança. “Além disso, dentro de todo o desenvolvimento dos utensílios
da humanidade, a chupeta e a mamadeira foram assumindo características
prioritárias”, ressalta. “Apesar das medidas de controle e normatização do
marketing, com o avanço da tecnologia, a cada dia têm-se novos formatos e
modelos de mamadeiras e chupetas que promete aos que consomem, os pais e os
bebês, maior segurança, tranquilidade, conforto e comodidade. Estamos na era das
‘urgências’ e da descartabilidade. Essa concepção traz à luz uma importante
reflexão sobre a função da chupeta e da mamadeira nas relações estabelecidas no
mundo pós-moderno”, completa Gabriela Buccini.
Foram coletadas informações de um estudo
epidemiológico transversal realizado em 2008 pelo Ministério da Saúde (MS). Ao
todo, 34.366 crianças menores de um ano participaram do levantamento. Esse
estudo é o primeiro a pesquisar os determinantes do uso de bicos artificiais em
uma amostra representativa de crianças residentes nas capitais brasileiras.
A pesquisa foi motivada por dados alarmantes
levantados pelo meio da saúde, como por exemplo o fato de o uso de bicos
artificiais em lactente ser um hábito cultural com alta prevalência em diversos
países.
Para a pesquisadora, houve uma colaboração efetiva
do projeto no sentido de incentivar o desenvolvimento de políticas públicas
eficientes e que permita a promoção da saúde e o atendimento de toda a
população. “De uma forma indireta, conseguimos mostrar que o incentivo a políticas
de saúde é a principal saída no combate aos problemas atuais do sistema”,
completa.
Vantagens
e desvantagens do uso da chupeta
A chupeta pode, em certos casos, ajudar bebês
prematuros que estejam com dificuldade de pegar o bico da mamadeira ou do seio,
para poder abandonar a alimentação por sonda. Ela funciona como um treino para
a sucção.
Para o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros, da
MBA Pediatria e autor do livro "Seu bebê em perguntas e respostas – Do
nascimento aos 12 meses" (MG Editores), não é bem assim. Na prática, a
chupeta pode acalmar o bebê com o exercício de sucção que promove. Com isso, de
fato, mamar poderia se tornar mais fácil.
Há ainda um risco ortodôntico, embora ele seja maior
se o hábito continua após os três anos de idade. O ortodontista e ortopedista
facial Gerson Köhler, da Köhler Ortofacial, explica que a amamentação exercita
a musculatura do rosto e estimula o crescimento correto dos ossos da face.
Durante a fase de crescimento, esses ossos têm uma plasticidade muito grande.
Se houver uma força inadequada empurrando-os, como o sugar da chupeta, eles
podem ser deformados.
“A chupeta, quando necessária para dar estabilidade
emocional à criança, deve ser usada de forma racional, pois a severidade dos
efeitos nocivos está relacionada à duração, frequência e intensidade (duração
de cada sucção e atividade dos músculos envolvidos) com que é usada, podendo
determinar má oclusão dentária, má postura de língua e problemas
articulatórios. O padrão de crescimento da criança e a tonicidade da
musculatura orofacial também contribuem para a intensidade de seus efeitos
deletérios.”, finaliza a dra. Mariana Bizzo, gastropediatra. (Fonte: Uol - Consumidor Moderno)
Nenhum comentário:
Postar um comentário