quarta-feira, 25 de maio de 2011

Trocando em miúdos

Francesco Costa - Recebi recentemente um e-mail que traz como título “Novo método de transmitir HIV”. Confesso que fiquei um tanto preocupado com o conteúdo, pois nele há relatos de que agulhas contaminadas estão sendo colocadas em locais como, por exemplo, poltrona de cinema e caixa eletrônico de bancos.

Mas não me refiro à preocupação com o alerta sobre como o e-mail explica que o HIV está sendo espalhado. Fiquei preocupado com a falta de informação de pessoas que falam do que não sabem e fazem questão de reforçar o preconceito que já é grande.

Enquanto ficamos preocupados com a propagação da Aids, inúmeras doenças incuráveis como, por exemplo, as hepatites correm soltas e contaminam incontáveis pessoas. Quando se vai à manicure a única preocupação é com o HIV. Gente, acorda!!! O HIV não tem vida fora de um corpo nem mesmo por segundos! Já as hepatites, mesmo fora do corpo, permanecem firmes e fortes por horas a fio.

É impossível uma agulha manter vivo o HIV à espera de um desavisado para espetar-se nela. Não entendo, sinceramente, qual a diferença de ter Aids, diabetes ou hipertensão! Sabe quantos comprimidos uma pessoa com Aids toma por dia? Pois é, vários. E estes não trazem nenhuma reação adversa. Sabe o que uma pessoa com Aids pode comer ou beber? Pasme. Pode comer e beber tudo o que tiver vontade.

Sabe o que uma pessoa com Aids não deve fazer? O mesmo que as pessoas que pensam não ter a doença: transar sem camisinha. Agora você sabe quantos comprimidos uma pessoa hipertensa ou diabética toma por dia? Vários. E, diferente do coquetel AZT, usado pelas pessoas que vivem com Aids, trazem vários desconfortos, entre eles irritabilidade e impotência sexual.

Sabe o que uma pessoa com hipertensão ou diabetes pode comer ou beber? Pouquíssimas coisas. É preciso evitar frituras, sal, açúcar, massas etc. Bebidas alcoólicas, então, nem pensar, pois se misturados com os medicamentos causa reação adversa, podendo levar a óbito. Sabia?

Sabe o que uma pessoa com hipertensão ou diabetes não deve fazer? Vixe, não vai dar para listar, pois são tantas! Mas vou citar algumas: transar sem camisinha, dormir tarde, comer tudo o que antes gostava, fazer um brinde com os amigos, e o que é pior, não conseguirá agradar sexualmente o parceiro (a), pois os medicamentos usados causam disfunção erétil (impotência sexual).

Conheço várias pessoas que vivem há vários anos com HIV/Aids, uma delas há 30 anos e tem uma vida super normal: toma cachaça, vai às festas, namora, come tudo o que tem vontade e é uma pessoa super para cima. Porém, não conheço nenhuma pessoa que tenha diabetes ou hipertensão e viva em paridade com o soropositivo. Você conhece? Caso sim, por favor, me apresente.

O único, e grande, problema enfrentado pelas pessoas que vivem com Aids é o preconceito alimentado por pessoas iguais a estas que criaram ou divulgam textos como este que recebi intitulado “Novo método de transmitir HIV”.

Não sou soropositivo, faço testes periodicamente. Mas, trocando em miúdos, entre ter Aids ou diabetes e hipertensão, escolheria a primeira opção. Ah, a propósito, quando foi o último teste sorológico que você fez? (se é que já fez alguma vez!). Tenho certeza que não tenho HIV muito menos Aids, e você?

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