quarta-feira, 21 de maio de 2008

Nota do MST

Nota do MST sobre protesto do MTM (Movimentos de Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração) e prisões de garimpeiros e trabalhadores rurais no Pará.

1- Desde 7 de abril, mais de 2 mil trabalhadores organizados no MTM (Movimentos de Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração) se encontram acampados às margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC), no assentamento Palmares, em Parauapebas, sudeste do Pará. Os garimpeiros exigem uma negociação com o governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia, e com o governo do Estado do Pará.

2- Os governos federal e estadual não cumprem o papel do Estado e não abriram canais de negociação com o MTM, ignorando suas legítimas demandas e as manifestações que acontecem desde abril. Os garimpeiros organizaram duas manifestações na EFC, nos dias 17 de abril e 13 de maio, com a interdição pacífica da estrada de ferro. A imprensa empresarial fez uma cobertura parcial dos protestos do MTM, deixando de lado as suas reivindicações. O governo segue a mesma linha e se recusa a abrir negociação com os trabalhadores do garimpo.

3- A sede da Coomigasp (Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada), em Curionópolis (697 km de Belém), na região de Serra Pelada, foi ocupada pelos integrantes do MTM, em 18 de maio, pelas seguintes razões:
a) Foi assassinado o ex-presidente da Coomigasp, Josimar Barbosa, em 8 de maio, em Marabá, a mando da atual diretoria da cooperativa.
b) A diretoria da Coomigasp mantém um convênio para a exploração da cava de Serra Pelada com a empresa mineradora Vale e Colossus, que exclui dos seus benefícios 80% da classe garimpeira, especialmente aqueles que estão organizados no MTM.

4- Na ação da ocupação da sede da Coomigasp, em Serra Pelada, coordenada pelo MTM, foram presos e detidos mais de 40 pessoas e três integrantes do MST, que estavam no protesto em solidariedade à luta dos garimpeiros.

5- A Polícia Militar agiu com truculência e feriu dezenas de garimpeiros. Depois, 13 pessoas foram levadas para o quartel da PM de Parauapebas e cinco foram presas em Belém. Foram detidos dois dirigentes do MTM, Etevaldo Arantes e Eugênio Viana, e três integrantes da coordenação estadual do MST, Eurival Martins (Totô), Wagner da Silva e Fábio dos Santos, que estão detidos na penitenciária de Coqueiros.

6- Diante desses acontecimentos, o MST manifesta apoio aos garimpeiros acampados e ao MTM e exige a libertação dos presos políticos que defendem uma nova forma de gerenciamento das riquezas minerais do país e a reforma agrária. A prisão dos militantes do MST e do MTM tem motivação política por parte do Governo do Estado e do Judiciário paraense, que cedeu às pressão da Vale.

Marabá, 19 de maio de 2008
COORDENAÇÃO ESTADUAL DO MST-PA

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