quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sobre a divisão do Pará

De um comentarista do Blog do Hiroshi:
Muito se tem falado sobre uma eventual divisão do Estado do Pará. Planejam criar o Estado do Carajás e o do Tapajós. Há até mesmo um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional para criar o Território Federal do Marajó.
Um fato precisa ser esclarecido. Se existe nessas regiões um profundo desejo separatista é porque os governos estaduais que se sucederam não tiveram competência para manter a unidade do Estado. É inegável o estado de total abandono que estas regiões foram relegadas ao longo da história.
O Pará é um estado riquíssimo. Talvez o mais rico da Federação, no que tange seu subsolo e seu potencial energético. Agora, que proveito essa “riqueza” trouxe para a população do Estado? Se o povo que mora em Belém não aproveita essa riqueza, o que dizer dos paraenses do sul e do oeste do Estado?
Os que são contrários à divisão do Estado não apresentam argumentos consistentes. Na verdade, a maioria dessas pessoas reside na Capital e não conhece a realidade da vida no interior do Estado. Apenas negar a divisão por um “sentimento de perda” não é argumento. E o que é pior não apresentam soluções para resolver o problema dessas regiões que, repito, sempre foram abandonadas pelo poder central.
É preciso analisar essa questão do ponto de vista operacional, como manda a boa técnica de gestão. É impossível administrar um Estado do tamanho do atual Pará de forma satisfatória. É muito território para pouca logística. Alem do mais, é também preciso ter em mente que vivemos na região mais rica do planeta, e que por falta de força política 90 % da população da Amazônia vive em estado de mais absoluta pobreza.
Então, pergunto: para que manter essa unidade, se o povo não usufrui desses recursos naturais? Um estado de proporções territoriais menores é muito mais cômodo de se gerir. Num estado grande demais, como o nosso, sempre haverá regiões se queixando da falta de atenção do governo do Estado.
Outra coisa, que precisa ser esclarecida: o Pará atual tem força política suficiente para conseguir recursos perante o Governo Federal? A primeira vista, pelo fato da governadora Ana Julia pertencer ao mesmo partido do presidente da república, diria que sim. Mas, somente isso não basta. É preciso parlamentares em Brasília que briguem pelo Estado. E isto acontece? É evidente que não.
O Pará possui 17 deputados federais. São Paulo têm 77. Aí é covardia. Como essa bancada vai fazer frente aos interesses da bancada paulista, por exemplo? Portanto, a divisão territorial do Pará, em primeiro lugar representa força política para a Amazônia que ganhará mais deputados federais, senadores e mais dois governadores.
Outra questão interessante: um dos segredos pelos quais os Estados Unidos se tornaram a nação mais poderosa da Terra, é justamente a perfeita divisão de seu território. São 50 estados divididos a régua. De médios para pequenos. Facilita a administração e permite que os recursos sejam melhores canalizados. Daí o desenvolvimento da nação. Pelo menos, esse exemplo poderíamos imitar dos norte-americanos. Detalhe: o território continental dos EUA, tirando Alasca e Havaí, é menor que do Brasil.
Portanto, prefiro três “Parás” menores, mas desenvolvidos, do que um Pará imenso sendo administrado insatisfatóriamente, do ponto de vista logístico, e com o povo na miséria, como é atualmente. No final, quem ganha é o Brasil.
MÁRCIO DE ALMEIDA FARIAS, servidor público
4:34 PM, Agosto 08, 2007

2 comentários:

Roberto C. Limeira de Castro disse...

Os cinco pequenos Estados do nordeste oriental, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe com pouco mais de 250.000 Km juntos tem todos os índices sociais e econômicos superiores ao Pará que tem quase cinco vezes o território.Aliá, o Pará é maior que o Nordeste Oriental inteiro, incluindo mais a Bahia e o Ceará.Esses sete Estados do leste nordestino perfazem juntos 970.743 Km2 contra 1.247.689 do Pará. Cabem com folga dentro do território paraense e ainda dá para colocar o Maranhão ou o Piauí de lambuja.

Esses sete Estados têm 123 Deputados Federais e 21 Senadores, conta 17 Deputados Federais e 3 senadores do Pará.

Por isso, o PIB do nordeste, em território inferior e com poucas riquezas minerais e florestais e muita seca é de R$ 250 bilhões contra 35 do Pará.

Isso porque se trata de uma das regiões mais pobres do Brasil.

O reordenamento territorial do Pará e de toda a Amazônia não devia nem ser discutido, mais feito imediatamente pelo Governo Federal com apoio intransigente dos Governos Estaduais.

Ou divide e reorganiza ou a região norte viverá para sempre na pobreza e na barbárie, com dois séculos de atraso em relação ao restante do Brasil que não para de crescer.

Taí um tema que deveria ser unanimidade total e irrestrita de todos os Amazônidas.

Detalhes completas sobre a criação de novos estados podem ser visto no Blog Brasil Novo http://obrasilnovo.blogspot.com/ com link direto para o Blog do Waldyr Silva e todos os blogs que apoiam a re-divisão do Pará.

Waldyr Silva disse...

Roberto:
Muito importante sua contribuição sobre a criação de novas unidades federativas no Pará.
Abraços:
Waldy Silva