domingo, 26 de agosto de 2007

Plebiscito questiona privatização da CVRD

Movimentos sociais, sindicais e religiosos de todo o país organizam o lançamento de um plebiscito popular entre os dias 1 e 7 de setembro para saber a opinião da população sobre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).
A privatização, que completa dez anos em 2007, é considerada por diversos setores da população como um dos maiores crimes contra o patrimônio público.
Outras questões estarão nas cédulas de votação, como o problema da energia, a reforma da Previdência, as dívidas interna e externa e a transposição do rio São Francisco. Mas a privatização da Vale é o carro-chefe do plebiscito.
Em artigo publicado neste mês no Portal do PT, o jornalista José Cristian Góes denuncia eventuais irregularidades na venda da estatal e acusa o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) de ter vendido a "preço de banana" uma das maiores empresas mineradoras do mundo.
O artigo, intitulado "Venda da Vale: o crime faz dez anos", traz números sobre os lucros da estatal que, segundo o jornalista, um ano antes da venda foram superiores ao valor pago pela empresa (R$ 3,3 bilhões). "Historiadores e economistas têm acordo que a venda da Vale figura entre um dos maiores crimes contra o povo brasileiro, contra seu patrimônio", diz trecho do artigo.
O deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) comentou o plebiscito e disse que é uma iniciativa legítima da população. "Esse plebiscito é importante para conscientizar a população do quanto fomos enganados pelo governo FHC. Independentemente do resultado desta ação popular, ela fará com que as pessoas tomem conhecimento do tamanho da lesão que a privatização da Vale representou para o patrimônio público", declarou.
A reversão da venda, segundo o parlamentar, não depende mais do governo, e sim da justiça. Mas o plebiscito é um instrumento importante para que isso ocorra.
Segundo o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), o papel do governo, nesta ação, é de espectador. "Quando assumiu o governo, em 2003, o presidente Lula disse que honraria todos os contratos e responsabilidades do estado brasileiro, e é isso que ele tem feito. De toda forma, o governo é um espectador. O plebiscito é um movimento democrático e poderá dar contribuições significativas para a reversão, não só desta venda, mas também de outros bens públicos que foram leiloados por FHC", avaliou.
De acordo com o parlamentar, o governo brasileiro só poderia pedir o cancelamento da venda caso houvesse algum impedimento jurídico na operação.
Em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) vendeu a CVRD por R$ 3,3 bilhões. Na época, a avaliação dos auditores privados e do próprio governo dava conta de que a estatal deveria ser vendida por um preço muito superior, R$ 93 bilhões, ainda assim um valor abaixo do real.
Conforme o artigo de Góes, em 1996, um ano antes da venda, somente o lucro oficial da CVRD foi de R$ 13,4 bilhões. Três meses depois da venda por R$ 3,3 bilhões, o lucro da empresa já era superior aos R$ 4 bilhões.
Em Parauapebas, milhares de exemplares de um informativo denominado “A Vale é nossa” vêm sendo distribuídos nos bairros da cidade, orientando as pessoas para votar no plebiscito em setembro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tenho lá minhas dúvidas se terá êxito o movimento pela anulação da venda da CVRD e seu retorno ao patrimônio do povo brasileiro, embora seja a favor, dada a correlação de forças na sociedade. Se pelo menos o movimento conseguir que os compradores reponham aos cofres públicos o seu real valor, e ressarcir à União os lucros obtidos nesse período de privatização, já será uma vitória, não pequena.

Blog do Valter disse...

Não compartilho com esse movimento, pelo fato dos únicos interessados a fazerem com que a CVRD, retorne para o domínio do governo federal, são exatamente àqueles que usufruíram de altos cargos na empresa quando a mesma era administrada só por militares na reserva, ou reformado, como também, os parentes e amigos dos políticos eleitos que pertenciam a base do governo na época. O argumento que a "A Vale é nossa", não passa de um trocadilho de palavras para enganar os otários e desavisados, desconhecedores dos bastidores dos grandes interessados pela anulação da venda da Vale.Eu tenho conhecimento de causa, que esta empresa quando era administrada pelo governo federal, só findava o ano no vermelho, e seu investimento na região do Pará, era quase nada, nenhum cidadão comum tinha acesso a "cancela" que dá acesso a Serra dos Carajás, como ficar dizendo demagogicamente que a "vale era nossa" e foi tomada? Ou seja, vendida a preço de banana? Tudo não passa de uma farsa usando o povo como massa de manobra, para que hipoteticamente se acontecesse a Vale voltar de novo para o domínio do governo federal, com certeza, aconteceria o pior, porque as regras impostas para o acessso a Serra Norte, seriam muito mais rígida. E convenhamos, mesmo o investimento sendo pouco pela Vale na região, mas é muito superior ao que a "Vale governo federal" investia na época. Se esse movimento que estão fazendo fosse com o objetivo de alertar o Brasil e ao mundo sobre as consequências irreparáveis da destruição que a vale do Rio Doce está promovendo contra o planeta terra, cuja dimensão só se dará conta no futuro, eu não diria nada, com certeza eu seria um dos primeiros da fila a participar desse movimento, como os objetivos dos interessados por esse fracassado movimento são outros, me recuso a participar e meu voto é contra a restatização(anulação da venda) da Vale.
Valter Desiderio Barreto-escritor/teólogo - e-mail: valterbt@gmail.com