O número de jornalistas presos pelo exercício de sua
profissão no mundo todo aumentou pelo terceiro ano consecutivo, chegando a 251,
de acordo com relatório publicado nesta quinta-feira (13) pelo Comitê para a
Proteção dos Jornalistas (CPJ).
A Turquia, com 68 jornalistas presos, é o país que
lidera este ranking, seguido por China (47), Egito (25) e Arábia Saudita (16).
A Eritreia, na África, completa os cinco primeiros
lugares da lista, também com 16, mas a CPJ alertou que desconhece se esses
jornalistas, em sua maioria presos desde 2001, continuam vivos.
Outros países com jornalistas na prisão são Vietnã
(11), Azerbaijão e Camarões (7).
Cerca de 70% dos jornalistas presos no mundo todo
foram detidos por crimes contra o estado. Na Turquia, por exemplo, a maioria é
acusada de laços com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em
curdo), a guerrilha curda do país.
O relatório também destaca o aumento de jornalistas
detidos pela divulgação de "notícias falsas", que em dois anos
passaram de nove para 28. A maioria de presos atualmente por esse motivo, 19,
está no Egito.
O CPJ lembrou que esse aumento ocorreu em paralelo à
intensificação da retórica global sobre as "notícias falsas" (fake
news), que têm como maior expoente o presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump.
Além disso, não há informações sobre as acusações
que pesam sobre 18% dos presos.
Quanto ao continente americano, figuram na lista a
Venezuela, com três presos, e o Brasil, com um, enquanto nos EUA, "onde os
jornalistas enfrentaram uma retórica hostil e violência física", não há
profissionais na prisão, mas houve nove detenções ao longo do ano.
O relatório também revela que na Europa há um
jornalista russo preso na Ucrânia e outro ucraniano na Rússia, enquanto na
Etiópia não há profissionais presos pela primeira vez desde 2004 e no
Uzbequistão pela primeira vez em 20 anos.
Com esses números em mãos, o CPJ concluiu que a
"abordagem autoritária" às coberturas jornalísticas críticas se
transformou em algo maior que um aumento temporário, e que um mundo com
centenas de jornalistas detidos é "a nova normalidade". (Fonte: Agência Brasil)