CRÔNICAS DO PC
O medo é uma resposta normal ao perigo ou ameaça. O que é o medo, finalmente? A intensidade desta resposta varia com as diferentes situações e as diferentes pessoas. Esta doença insere-se no grupo de perturbações fóbicas e dentro deste grupo é considerada uma fobia específica. Estas fobias são caracterizadas por ansiedade clinicamente significativa, provocada pela exposição a uma situação ou objeto temido. Neste caso, são pessoas estranhas e doentes, que frequentemente conduzem a um comportamento de evitamento.
Conheço um cidadão nesta situação, e aproveito para falar a seu respeito. Seu nome é Manoel Messias, um cara legal, trabalhador, bem casado e feliz. Só tem uma particularidade: a mulher dele foi escolhida, depois de longa procura, por ser uma das mais feias das redondezas, chamando a atenção pelas esquisitices na formação do seu corpo, da cabeça aos pés. Tudo é disforme nela, nem parecendo gente. A figura é um espectro vivo, identificando-se como um monstrengo doméstico. Todavia, para Manoel Messias ela representa os encantos que ele procurava, especificamente, a feiúra, e ao seu lado vive muito feliz.
O maior motivo é que o homem tem várias fobias, dentre as quais a venutrafobia (aversão a mulher bonita), não pode ver uma beldade em sua frente que começa a ter crises, chegando a vômitos ininterruptos, febre e diarréia.
Para viver melhor, mora isolada em uma grande fazenda herdada dos pais, cujos trabalhadores, mulheres e homens, são terrivelmente feios. Sob encomenda, encontrou sua mulher Dalva, e quem deu certo com ele, inclusive aceitou sua situação de sernocófobo (medo de fazer amor), só comete o ato de olhos vendados.
Manoel Messias tem outras fobias. Escolheu viver isolado por não tolerar multidões (aclofobia), além de sofrer também de triscaidecafobia (medo do número 13). O número não existe em sua casa. Do 12 pula-se para o 14.
Um psiquiatra me disse que Manoel é um caso raro de afobia, chegando perto da loucura. Afobia é uma fobia na qual a pessoa que a possui tem medo de uma situação, quando não deveria tê-lo, isto é, medo da falta de fobias. Portanto, Manoel Messias esforça-se para nunca deixar de possuir fobias.
Por ter certo grau de gagueira, enrascando-se para ligar as palavras, sofre de latiofobia (receio de falar). E como é católico praticante, muito apegado às coisas sagradas e santas, tornou-se um caso raro de hamartofobia (medo de pecar), e por isso passa o tempo orando sem parar, dedilhando terços e rosários.
Para diminuir a tensão em que vive, Manoel Messias tornou-se um organizado criador de galinhas da raça orpington amarela, de origem estrangeira, que têm uma particularidade fora do comum: as penosas só botam ovo à vontade se estiverem sendo tratada por homem muito bonito, vestido de paletó e gravata, cheirando bastante, bem perfumado.
É pura verdade, e quero afirmar que Manoel Messias, ao contrário da mulher horrorosa que tem, é elegante e bonito, com todos os traços característicos de beleza masculina, e é evidente: as galinhas orpington se deram muito bem com ele, não tendo preguiça de botar ovos, que chocados produzem pintos vistosos, aos quatro meses transformam-se em frangos, cuja carne é disputada a preço alto no mercado.
Manoel Messias, felizmente, não sofre de aletrofobia (medo de galinha), mas teme ficar sujo, (automuscofobia) e ser rejeitado no galinheiro.
Ele mesmo diz ser um homem normal. Confessa ter (lissofobia), ou seja, medo de ficar louco.
Pedro Cláudio de Moura Reis (PC) / E-mail: pcmourareis@yahoo.com.br
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Um comentário:
risos... risos... risos... e muitos risos!
Muito bom isso!
Manda abraço (ou meus pêsames) pra ele!
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