Fotos: Edésio Curió e Edivan Xavier
Durante cerimônia simples, na presença de
autoridades, garimpeiros, empresários e a comunidade, o superintendente do
Departamento Nacional de Produção Mineral no Pará (DNPM-PA), Thiago Marques de Almeida,
engenheiro de minas, entregou no último sábado (2) para o presidente da
Cooperativa dos Produtores de Gemas do Sul do Pará (Coopergemas) a renovação da
Permissão de Lavra Garimpeira nº 23/2009, pelo prazo de cinco anos, para
extração de ametista numa área de 242 hectares do Garimpo das Pedras,
localizado no município de Marabá, a 60 quilômetros do centro de Parauapebas.
A entrega do documento foi marcada pela comunidade
da Vila Garimpo das Pedras com pregação evangélica, torneio de futebol, apresentações
culturais de capoeira, batucada de samba e banho de piscina nas águas quentes
da vila, tudo isso acompanhado de muito churrasco e refrigerante.
Minutos depois de pousar de helicóptero no povoado,
Thiago Marques enfatizou que existe uma relação muito próxima entre a
legalização do garimpo e a qualidade de vida dos garimpeiros e de seus
familiares, porque a partir daí toda a cadeia produtiva será melhorada, uma vez
que o minério extraído será vendido com preço mais elevado e isso gera mais
emprego e renda à comunidade envolvida no processo.
Após receber o documento das mãos do superintendente
do DNPM-PA, com aplausos das pessoas presentes, o presidente da cooperativa,
Adilson Barbosa Machado, popularmente conhecido por “Faquinha”, que é
engenheiro de minas, declarou à reportagem do Jornal Semanal que a Coopergemas,
fundada há 12 anos, congrega hoje cerca de mil cooperados, que são beneficiados
com os lucros da entidade.
Segundo revelou Adilson “Faquinha”, as pedras de
ametista e derivados extraídas do subsolo do Garimpo das Pedras são
comercializadas brutas, sem receber nenhum beneficiamento, na própria vila, por
representantes, principalmente, da Bahia e de Minas Gerais, e até da China. As
minas do garimpo têm reserva para pelo menos 50 anos de exploração.
A partir da outorga de renovação da permissão de lavra,
o presidente da cooperativa percebe que se abre um importante campo para atrair
mais investidores que agora podem comprar legalmente e pensar inclusive em qualificar
a comunidade com mão de obra especializada para lapidar as pedras, produzir
joias e outros tipos de souvenires, proporcionando emprego e renda.
Indagado se a Coopergemas tem intenção de montar
estrutura como restaurante, hotel e outras piscinas para acolher melhor o turista
que se desloca para a vila com o objetivo de usufruir das águas termais
existentes na localidade, “Faquinha” respondeu que a cooperativa pretende
celebrar parceria com empresa do setor de turismo para estruturar e explorar o
espaço, que ele considera como “uma dádiva de Deus”.
Procurado pela reportagem, o pecuarista Rogério
Miranda, filho de Elza e Francisco Miranda (in memoriam), herdeiro das terras
onde se localiza o garimpo, disse que a concessão de renovação da Permissão de
Lavra Garimpeira é o início de uma nova era no Garimpo das Pedras.
Por sua vez, o garimpeiro Patrício Pereira Lima, 71
anos de idade, um dos pioneiros na extração de pedras preciosas, revela que
chegou à localidade no ano de 1985, portanto, há 29 anos, quando o acesso para
o garimpo era feito apenas de barco pelo Rio Itacaiúnas até a Vila Alto Bonito.
Questionado sobre os eventuais benefícios que a
renovação da licença para continuação da exploração do garimpo por mais cinco
anos possam trazer para as famílias da comunidade, Patrício Lima respondeu que
estar bastante otimista com a notícia, “porque por muito tempo se ouvia falar
que o garimpo ia ser fechado, mas agora, com a licença do DNPM, vamos trabalhar
com mais confiança e segurança”.
Presente ao evento, o empresário e pecuarista Hamilton
Ribeiro, que patrocinou o churrasco para a comunidade, comentou que o documento
concedido para continuidade do garimpo de pedras preciosas era esperado com
muita ansiedade pelos cooperativistas da vila.
“Reconheço o trabalho da classe garimpeira e sei que
trabalhando legalizada, unida e esperançosa a autoestima da comunidade vai
ficar lá em cima, pois a renda dos serviços vai aumentar, melhorando a
qualidade de vida dessa população”, declarou Hamilton Ribeiro.
O pecuarista Ivanite José da Silva, popular
“Barrão”, que também prestigiou a solenidade de entrega da renovação da licença
de exploração do garimpo, já em sua propriedade rural, localizada a cinco
quilômetros da vila, lamentou que as atividades do Garimpo das Pedras e as belezas
naturais das águas quentes da localidade são poucas divulgadas pela mídia.
História
A comunidade da vila conta hoje com uma população
aproximada de quatro mil pessoas que moram em duas vilas: a de baixo e a de
cima. A localidade, que geograficamente pertence ao município de Marabá, dispõe
de escola, posto de saúde, destacamento da Polícia Militar, supermercados,
igrejas, energia elétrica, associação de moradores, farmácia e até pista para
pouso e decolagem de pequenas aeronaves.
No caminho entre uma vila e outra existe uma
nascente que jorra água com 40 graus de temperatura para uma piscina onde
pessoas tomam banho e se divertem.
Para chegar à vila do Garimpo das Pedras, saindo de Parauapebas,
pega-se a estrada de asfalto que vai para o Projeto Salobo até o km 44, anda
mais dois quilômetros de asfalto até a Vila Paulo Fonteles e 8 km em estrada de
chão.
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