quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Frutose: um doce perigo

Na composição de muitos produtos industrializados que compramos no supermercado, como ketchup, refrigerantes, bebidas energéticas, sucos de caixa, cereais, biscoitos, bolos, sorvetes, entre outros, quase sempre aparece listada a frutose.
A paisagista Nathália Haber, que se preocupa com a saúde dela e opta sempre pelos produtos orgânicos, tem o costume de ler criteriosamente os rótulos e, na maioria das vezes, percebe a presença da frutose neles.
Antigamente, ela tinha uma ideia equivocada em relação aos benefícios desse monossacarídeo: “Quando eu lia a palavra frutose, eu relacionava a fruta, que é uma coisa boa. Ai eu pensava: a frutose deve ser, então, algo bom. Não deve fazer mal à saúde”. Certo? Errado!
O nutricionista Carlos Bastos, especialista em nutrição esportiva, explica que a frutose hoje é uma das principais causas de problemas cardiovasculares, de obesidade, diabetes e outros malefícios.
O profissional esclarece que, de fato, as frutas possuem em sua composição a frutose e diversos outros açúcares, como a glicose e a sacarose. Mas a frutose presente nos alimentos processados não é derivada das frutas e sim do milho.
Trata-se de um xarope usado pelos produtores de alimentos processados para adoçar aquilo que comemos. “O poder de adoçamento da frutose é maior do que o da sacarose. Além disso, é um açúcar mais barato. Por isso é usado pela indústria”, explica o nutricionista.
Carlos Bastos explica também por que a frutose é um açúcar ruim: “Principalmente, porque é um carboidrato e sua entrada nas células não depende de insulina. Ou seja, a frutose é absorvida no intestino e metabolizada rapidamente no fígado, onde pode ser armazenada e, posteriormente, transformada em gordura. A não ser que você esteja em situação de jejum e, nesse caso, ela será transformada em energia (glicose) para seu corpo”.
De acordo ainda com Carlos Bastos, a ingestão de frutose é um dos principais motivos de muitas pessoas não conseguirem a barriga definida que tanto desejam. “Quando ela é metabolizada no fígado das pessoas e suas reservas já estão cheias, o monossacarídeo é transportado para outras partes do corpo e armazenado em forma de gordura, normalmente na barriga ou cintura”, explica.
Nathália Haber diz se sentir feliz por levar uma vida saudável. “Não bebo refrigerante e sou vegetariana há 10 anos. A base da minha alimentação são frutas, legumes, verduras, castanhas e lácteos. Consumo alguns produtos industrializados, mas costumo ler os rótulos e evitar ao máximo alimentos que contenham corantes artificiais, conservantes e transgênicos”, revela.
Frutas ingeridas com casca
O nutricionista esclarece que as frutas não devem ser evitadas. Pelo contrário, é sempre interessante consumi-las, principalmente com as cascas, pois possuem fibras e diminuem o impacto do açúcar no sangue. Além disso, melhoram a resposta da insulina e promovem maior saciedade.
Os produtos industrializados, entretanto, onde é encontrada a frutose extraída do milho, devem ser evitados. “É importante atentar-se para os rótulos e embalagens dos alimentos e não deixar de frequentar a sessão das frutas no supermercado ou feira”, pontua Carlos Bastos.
No entanto, ele alerta que é preciso prestar atenção na quantidade e nos tipos de frutas que são ingeridas. Por se tratarem de carboidratos, não devem ser consumidas exageradamente. “O segredo é manter o equilíbrio. Essa palavra é bem importante na alimentação de qualquer pessoa, seja qual for o seu objetivo”, ensina.
O profissional indica as frutas da época, por serem mais acessíveis nos locais de venda e por seus preços mais em conta. É importante consumir bananas pela manhã, após o organismo ter passado várias horas dormindo e em jejum.
Os abacates também são potentes antioxidantes, fontes de gorduras monoinsaturadas e com baixo teor de frutose, assim como o morango, o kiwi, o pêssego e outras frutas. “É bem legal fazer uma salada de frutas para o lanche ou uma sobremesa saudável, como um creme de frutas, que pode substituir o maléfico pote de sorvete”, indica o nutricionista. (Luiz Cláudio Fernandes)

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