Durante caminhada na manhã desta quarta-feira (6)
nas ruas de Parauapebas, em protesto pelo assassinato do advogado Dácio Antonio
Gonçalves Nunes (foto), 42 anos, executado com dois disparos de pistola 380 na cabeça
no início da noite da última terça-feira (5), no Bairro Rio Verde, em Parauapebas,
membros da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no município saíram
do Fórum de Justiça em caminhada em direção ao prédio do Ministério Público,
exigindo que a polícia ponha na cadeia o autor ou autores do homicídio.
A reportagem apurou junto aos membros da OAB local
que minutos antes de ser alvejado Dácio Nunes havia descido de seu apartamento,
localizado a duas quadras da carceragem municipal do Bairro Rio Verde, para
pegar uma pizza e alguém passou numa moto e fez os disparos contra o causídico,
que foi socorrido e levado às pressas por uma equipe do Corpo de Bombeiros para
hospital da cidade, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
De acordo com o exame de necropsia, feito no IML de
Marabá, o advogado foi atingido por duas perfurações no crânio. De volta a
Parauapebas, o corpo da vítima foi velado por algumas horas na tarde de
quarta-feira no antigo prédio da Câmara Municipal e transladado para o Estado
do Mato Grosso do Sul, para ser sepultado por familiares.
Indagado sobre possível suspeita de quem teria
interesse na morte do advogado, um colega da vítima, que pediu para não ser
identificado, respondeu que Dácio Nunes lidava há cerca de 8 anos na cidade com
muitos processos criminais e por isso seria impossível apontar de onde viria a
motivação para o crime.
O presidente da Subseção da OAB em Parauapebas, advogado
Jakson Souza e Silva, depois de manter contato com a Seção da OAB do Pará, em
Belém, foi informado que um delegado de Polícia Civil e uma equipe de
investigação haviam sido encaminhados a Parauapebas para apoiar a investigação e
elucidar o assassinato.
Jakson Silva informou que, diante do alto índice de
violência no município, a OAB local vai criar a Comissão de Segurança Pública
para poder tirar algum encaminhamento e enviar à Secretaria de Segurança do
Estado e à própria OAB-Pará.
Presente na manifestação de protesto, o advogado
Alberto Campos, vice-presidente da OAB na capital do estado, revelou à imprensa
que de 2011 para cá 13 advogados foram vítimas de homicídio no Estado do Pará,
em razão do exercício de sua profissão.
“Desses crimes, só conseguimos, até agora, levar um
único caso a júri, e isso acontecerá somente no final deste mês”, lamenta
Alberto Campos, acrescentando que os demais casos ainda estão em investigação,
mas em nenhum deles a polícia identificou autoria ou mandante.
O vice-presidente da OAB-Pará diz ainda que quando
se consegue definir a autoria de mandantes e executores do crime as prisões são
decretadas, “mas os mandados não são cumpridos, não se sabe por qual razão”.
Na avaliação do ex-presidente da Subseção da OAB em
Parauapebas, advogado Ademir Donizete Fernandes, o alto índice de violência em
Parauapebas vem ocorrendo em virtude da frágil atuação do estado. Ele lamenta
que uma cidade como Parauapebas, com uma população oficial de 176.582
habitantes (IBGE) [estima-se que a população hoje chegue a cerca de 250 mil
pessoas], disponha de apenas uma delegacia de polícia. “Isso é um absurdo”,
protestou.
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