Se os números da economia formal brasileira mostram
sinais de desaceleração, o submundo do crime permanece pujante. É o que mostram
os dados da criminalidade enviados pelas secretarias de Segurança das 27
unidades da federação para o Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP). No ano passado, os homicídios no Brasil cresceram
7,6% em relação a 2011.
Os dados completos do Anuário, encomendados pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), foram apresentados na
terça-feira desta semana.
O total de assassinatos é o maior da série histórica
desde 2008. Houve 50.108 casos no Brasil em 2012, incluindo homicídios dolosos
(47.136), assaltos seguidos de morte (1.810) e lesão corporal seguida de morte
(1.162). O país registrou taxa de 25,8 homicídios por 100 mil habitantes. E São
Paulo puxou o índice para cima.
Os estados do Norte e Nordeste seguem liderando o
ranking de homicídios no Brasil. Alagoas, com 61,8 casos por 100 mil habitantes,
apesar de estar no primeiro lugar no ranking, registrou redução de 14%. Pará
subiu para a segunda colocação, com 44 por 100 mil, seguido por Ceará (42,5),
Bahia (40,7) e Sergipe (40).
"O padrão de homicídios no Brasil é muito alto,
assim como os outros crimes. Isso mostra como não conseguimos enfrentar o
problema da criminalidade urbana. Mostra a necessidade urgente de reformas nas
polícias, para melhorar as investigações e o policiamento ostensivo. É um
assunto que precisa ser enfrentado com coragem ou o Brasil não vai conseguir
reverter esse quadro", afirma o sociólogo Renato Sérgio de Lima, do FBSP.
Patrimônio
Os registros de crimes contra o patrimônio também
são preocupantes. Os dados do Anuário não permitem uma comparação com 2011.
Mas, no ano passado, foram 566.793 casos de roubos, em que os ladrões levaram
carros, atacaram bancos, cargas de caminhões, pedestres e casas. Em todo o
território nacional, considerando só as ocorrências registradas nas delegacias,
foram 1.574 casos de roubo por dia.
Mesmo no Norte e Nordeste há problemas de crimes
contra o patrimônio. Amazonas desponta com 737 roubos de carros por 100 mil
habitantes. Bahia fica em segundo lugar, com 435 por 100 mil.
A guerra contra os traficantes também revela a
dimensão do comércio de entorpecentes. No ano passado, o Brasil registrou
122.921 ocorrências de tráfico, crescimento de 19% em relação ao ano anterior.
Os estudiosos explicam que a apreensão de drogas mostra, sobretudo, a atuação
policial no combate ao crime. A maioria dos casos foi registrada nos estados de
São Paulo (41.115) e Minas (24.272).
Encarceramento
As lacunas no sistema de segurança nacional, no
entanto, ficam evidentes ao se comparar a situação brasileira com a de outros
países do mundo. Ao mesmo tempo em que encarcera demais, não parece conseguir
diminuir as taxas de criminalidade.
Segundo os dados do Anuário, o Brasil tem atualmente
515.482 presos, o que o coloca em quarto lugar no ranking daqueles com maior
população prisional do mundo. Fica atrás apenas dos Estados Unidos (2.239.751),
da China (1.640.000) e Rússia (681.600).
Por outro lado, o Brasil fica em 7º lugar entre os
países mais violentos. As mais de 50 mil mortes por homicídios são duas vezes
mais do que a média de baixas em um ano de guerra entre Rússia e Chechênia, por
exemplo. (Fonte: jornal O Estado de
S.Paulo)
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